The Perfect Sunday
Hoje dei comigo a pensar que já corro há quase sete anos.
Caraças, alguma vez isto me havia passado pela ideia!
Durante estes quase sete anos, eu, que nem gostava de corridas, só gostava de correr, corri corridas que nem imaginava.
Foi tudo, tem sido tudo muito surpreendente. Até a forma como escrevo sobre as minhas corridas.
Leia:
Já corri numa floresta, na selva, numa mata, no zoológico, na Lezíria, junto ao mar, num castelo, na cidade, na ponte, nas pontes, tantas, tantas corridas que me deixaram como que a acreditar que há, de facto, há bons e belos e surpreendentes momentos numa corrida.
Já me cruzei com freiras, unicórnios, avestruzes, dragões, empregados de mesa, com laçarote e tudo, com canecas de cerveja, com tudo. Até com Santo António. Juro.
Mas, são as canecas de cerveja que contam, por agora.
Não as que mencionei, nem nenhuma daquelas personagens, porque por baixo daqueles trajes há pessoas. Há pessoas nas corridas, de todos os géneros, para todos os géneros.
Também já corri com pessoas.
Até com um pelotão de Comandos.
A única vez que me deram uma cerveja, no final, foi quando acabei a Maratona de Berlim, em 2018. Fresquinha. Sem álcool.
Cheguei a escrever um texto sobre Berlim, a Maratona de Berlim e a história da cerveja.
Longe de mim imaginar, uma vez mais – o que prova que as corridas são como que tocar nas nuvens e voltar – que ia receber um convite para participar na primeira corrida da cerveja, em Portugal.
Vai ser histórico.
Mente perversa, não é por isso, também por isso, pela fresquinha, no fim, mas não é por isso.
É porque a família vai toda comigo, mulher, mãe, pai e irmão.
Os miúdos, claro, tem a sua agenda preenchida.
Vamos com calma.
A “Beer Runners” é uma corrida que estreia em Lisboa, promovida pelos Cervejeiros de Portugal e, no caso, organizada pela Last Lap.
É este domingo. Domingo, o dia mágico.
Eu disse vamos com calma, porque podia estar a pensar que este texto era uma apologia ao consumo do álcool. Havia esse risco, assumido, por mim.
Longe disso.
Esta corrida tem um objectivo claro que é incentivar a prática do exercício físico e conciliá-lo com o natural acto social de partilhar uma cerveja com os amigos e com a família, depois de passar a meta.
Correr dez quilómetros ou caminhar cinco, num domingo de manhã, em Lisboa, na Praça do Império, até Belém, Algés e pela Avenida 24 de Julho, sempre com o rio e a foz e o mar lado-a-lado é uma espécie de força maior para uma ou duas cervejas após o esforço físico e, a seguir, um almoço, já com os miúdos, em família.
The Perfect Sunday !
E, inédito.
Nunca corri com a família.
Do que pesquisei é esse o link, o gancho, a ligação neste e deste evento;
Família.
O movimento “Beer Runners” apareceu há 12 anos, em Filadélfia, nos Estados Unidos.
Dizem que quem corre tem pancada.
Talvez. Talvez tenha sido isso que pensaram os membros de um grupo de corredores que se cruzou com um estudo da Universidade de Granada, Espanha.
Muito bem,
O estudo dizia que a cerveja seria um complemento à ingestão de antioxidantes e vitaminas após a prática desportiva.
A partir daí, o grupo passou a organizar corridas uma vez por semana, nas "Streets of Philadelphia", que terminavam sempre com a partilha de uma cerveja.
Só em Espanha, a comunidade “Beer Runners” conta com mais de 28 mil membros, repartidos por 78 grupos locais. O movimento está também a crescer na Dinamarca, em Edimburgo, em Nova Iorque e Chicago.
Em Lisboa, como nas outras cidades, todos os participantes que cruzarem a meta terão oportunidade de degustar uma cerveja ou cerveja sem álcool, acompanhada de tremoços e frutos secos.
Naquela de repor os níveis de hidratação e de sódio.
Só levo uma pequena inquietação, o meu irmão, que corre uma vez por semana, quando corre, diz que acha que vai fazer 40 minutos.
Eu sei que é capaz. Já vi.
Desta vez desconfio que o motivo é outro.
Isso mesmo...
Desta vez acertou, parabéns.
Sai uma fresquinha!
Uma não acusa em balão nenhum.
E, sabe tão bem!