RUNNING FOR IS LIFE
“Correr ao ar livre faz-me lembrar que quero continuar a viver”.
Estar fora do hospital, fora da sala de espera, fora de quatro paredes é aquilo que faz correr Yariv Kafri, a vida fá-lo correr, correr pela própria vida.
Ele conta que neste Inverno correu na neve, com ténis próprios, no mesmo trilho onde corre habitualmente todas as semanas. E, não é que lhe pareceu totalmente diferente!
“É essa a sensação, de liberdade, quando estou lá fora e quando corro. É essa a minha luta”, sublinha Kafri.
Este homem cheio de coragem não se limitou a correr para lutar contra o cancro, ele criou a Supportsize. Depois da operação ao cérebro e após ter decidido continuar a praticar exercício físico, Yariv Kafri começou a interiorizar que estava perante um chamamento, começou a perceber que estava a inspirar outras pessoas, médicos, amigos, vizinhos.
Ele queria algo rápido, mais imediato.
Quem vive o cancro vive com medo, medo que o próximo exame seja positivo, medo que ele volte.
Correr é criar uma ruptura com todos esses pensamentos assombrosos e inquietantes. Ele quis algo imediato e quem quer alcança.
Kafri fundou a Supportersize, uma missão, uma organização para cuidar das pessoas, agora, para lhes dar a maravilhosa sensação de não se sentirem doentes, com cancro. A Supportsize leva-os (as) a praticar actividades ao ar livre, ioga, trilhos, caminhadas, paddle e, claro, corrida.
Por agora a organização está apenas em Long Island mas Yariv Kafri quer espalhá-la pelo mundo, afinal o cancro também é global.
É neste contexto que ele decide, não nos esqueçamos do sofrimento com que vive, mas que ultrapassa, correr a Trans Rockies, no Verão que vem.
Mais do que um grande desafio, uma oportunidade de criar uma consciência. A Supportersize vai mostrar exemplos, entre eles o do próprio Kafri.
São todos e todas pessoas tocadas pelo cancro que querem mostrar que os médicos não precisam mais de dizer para se fazer (exercício). “Agora pregamos e fazemos”.
A ideia é que depois desta corrida de trail, que dura três dias, com uma extenção de quase 100 quilómetros, para além da sensibilização para a Supportsize, Kafri consiga andar. pelo próprio pé. Apenas.
“Só para chegar ao fim e passar pela experiência. É suposto ser uma grande vibe. Eu quero ser saudável e ser saudável depois da corrida, longe de uma cadeira de rodas”.
Os médicos ficaram surpreendidos, numa primeira fase, mas apoiam totalmente Yariv Kafri.
Eles sabem que existe uma ligação entre a actividade física e uma mais rápida recuperação, sobretudo na questão da quimioterapia. “Eles disseram-me para ir em frente e fazer tudo o que eu sinto que posso fazer”.
Só que os médicos rapidamente começaram a perceber que o que Kafri queria era tudo, um tudo nada, eventualmente, exagerado.
Eles apoiam a actividade de Kafri mas não são propriamente amantes da corrida. Fazem um esforço por entender esta fixação, por perceber que o bem-estar de Kafri tem muito a ver com a forma como ele se sente, a si próprio.
“Mais do que físico é psicológico”.
Os médicos também não o apoiam totalmente na questão do surf.
Seis meses depois da operação ao cérebro, Kafri foi fazer surf, voltou a cair, voltou a bater com a cabeça.
O oncologista foi claro: “nós estamos a tentar mantê-lo vivo. Faça um favor, não se tente matar”.
É isso que Yariv Kafri faz todos os dias, luta pela vida, à sua maneira.
Corre pela vida, como qualquer um de nós.
Sigamos o exemplo, por esta estrada cheia de armadilhas e buracos.
Sigamos o exemplo. Ponto final.
Vou correr e vou inspirado por ele.