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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

24.05.21

QUE PARE O TEMPO


The Cat Runner

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“Ouço” sempre as horas, anunciadas, hora-a-hora, pelo sino da igreja.

Vivo na cidade onde se escuta o sino da igreja dar as horas, que deviam guiar-nos pelo tempo dentro.

Hora-a-hora, sem dó nem piedade, porque o relógio, mesmo parado, dá a hora certa duas vezes em cada dia, em cada noite e isso é um ensinamento que devemos guardar, até para lá do que idealizamos para nós, hora-a-hora.

O que eu queria tanto...

É assim que a vida vai indo e passando e afrontando e recompensando e traindo e amando e sendo noite e sendo dia e doce e a amargo e aventura e paz. Ali, mesmo ali à frente, a paz.

Quando o sino me diz a que horas ando invado-me de uma estranha e rude paz e aumento o volume da música, gosto de estar ali a ouvir música, enquanto degusto um smoke, enquanto, sentado, pernas encolhidas, dou uns toques com o pé no gradeamento, a música encarrega-se da viagem, de me levar até ali, algures.

Que horas são?

São as que eu quiser que sejam até que o sino da igreja me obrigue a aceitar o seu próprio tempo, impondo-me um rasgo de alto a baixo. Impõe-me o tempo!

Depois, vem a noite.

Enquanto fumo mais um cigarro, com as pernas encolhidas, na varanda com vista para o rio, escuto, de novo, o sino da igreja.

Já é tarde, diz-me lá daquele lado de lá.

O sino da igreja sabe a quantas anda.

Eu é que não.

Fecho janelas, baixo estores e deixo de o escutar.

Faço de propósito.

Gosto de parar o tempo!