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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

06.07.18

ESTA VIDA DAVA UM LIVRO E UMA MARATONA ( DIA 35 DA MARATONA )


The Cat Runner

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Não tem volta a dar, vou correr uma maratona.

Está tudo preparado, menos eu, estadia, viagens, inscrição.

Não há, nem quero que haja volta a dar.

No primeiro dia do ano, quando decidi meter-me nesta aventura, porque é uma aventura, aquilo a que me propus, fi-lo porque queria materializar uma profunda decisão, interior, sobre mim, enquanto homem, enquanto pessoa, enquanto pai e marido, enquanto amigo, enquanto profissional.

A decisão mais difícil que jamais tomei não foi correr uma maratona;

Vou a meio da vida, não conto viver muito mais que 96 anos.

Digamos que estou no limbo da vida.

Perante aquele momento em que te equacionas, na busca de uma resposta, seja ela qual for.

A maratona de Berlim é a materialização de uma profunda mudança de vida, enquanto pessoa.

Ainda há dias disse-o ao telefone, a um amigo;

“Estou a meio da minha vida, gostei da primeira metade, mas a segunda, por ser a última, terá potes no final do arco-íris, mesmo que não haja ouro dentro”.

Dia 15 de Setembro será a data, o dia, o momento da minha individual e egoísta celebração.

Quero celebrar-me, porque sei que virei de Berlim um homem melhor, comigo.

Mais forte, mais corajoso, mais amigo, mais solidário, mais disposto, um homem melhor.

Porque, quando estiver a duzentos metros da meta final sei que a minha figura vai elevar-se, deixar o meu corpo - eu vou ver - e esfumar-se.

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Duzentos metros depois, quando cortar aquela meta, serei eu, novo, porque a minha fé, a fé em mim, levou-me até ao fim de uma aventura que terá exactamente nove meses de duração.

Começou em Janeiro.

Só há pouco tempo é que comecei, de facto, a estabelecer uma ligação entre uma coisa e outra, uma depende da outra.

Porque também posso não cortar a meta, em Berlim.

Tudo conta.

Berlim será tudo ou exactamente o mesmo.

Acredito que será tudo. Finalmente, em meu redor, as coisas começam a conjugar-se.

Começo a encontrar-me, de novo.

Sobretudo, por corro.

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Parece que foi ontem, “são nove meses de preparação”, mas não foi. Faltam dois meses e meio.

Estou a guardar tudo para Agosto, quando faltar um mês e meio.

Vou espreitando uns vídeos, no Youtube, com algumas técnicas de corrida, que aplico nos treinos e que, ultimamente, tem dado resultado.

Aprendi a aumentar a passada, aprendi colocar os pés, as pernas, os quadris como deve ser, aprendi a respirar, aprendi a correr com os olhos no horizonte.

Espreito os vídeos, experimento e coloco em prática nos treinos definidos no meu plano.

Tenho melhorado os meus tempos, nas duas últimas semanas, depois da meia maratona de Guimarães.

Mas, melhor, tenho sentido, no corpo, todo o trabalho que tenho feito, desde Janeiro.

Momentos houve em que sentia que não estava a evoluir nada.

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Hoje, sinto-me mais seguro, mais forte, mas ainda com um profundo respeito pela maratona, que é disso que este texto trata, pela importância que ela ganhou, na mudança que quero, para mim, enquanto gente.

Penso nos meus amigos que correm a maratona em três horas e meia.

Penso nos que correm em menos tempo.

Penso nos amigos que vão correr comigo, ao meu ritmo.

Penso que eles não sabem, mas vão ficar surpreendidos comigo.

Agosto marca a recta final deste processo.

Em Agosto começo a parte da afinação, afinar, alinhar, definir, em Agosto quero sentir que sou muito mais feliz, outra vez, mesmo antes do final deste propósito meu.

A maratona, logo a seguir, será o selo oficial desta aventura, aventura de vida, de uma vida, da minha vida.

Eu acho que tenho o direito de ser feliz.

É só isso, nada mais.