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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

25.11.16

ALICE, A SAUDADE FRAGILIZA-ME


The Cat Runner

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Dia 53

25/11/2016

 

Sobre apertos d´alma...

 

Há sempre uma primeira vez para tudo na vida.

Nunca fui dado a ausências, provocam-me saudade, a saudade fragiliza-me.

Mas, há sempre uma primeira vez para tudo na vida.

Quando saí de casa obriguei-me a pensar: Alice ficará sozinha durante o fim de semana, em casa. Já esteve desaparecida trinta e tal horas, pode ficar outras tantas sozinha.

Mas, demorei a sair.

Alice parecia não nos querer deixar ir, nós inventávamos coisas que nos atrasassem, enquanto Alice nos acompanhava.

Ainda deixei escapar; “levamo-la connosco, não, claro que não”.

O fim de semana, com Alice no hotel, não ia ser o mesmo.

É a primeira vez que deixamos Alice em casa.

Não, não pense em ir lá assaltar, em primeiro lugar, não há nada de jeito para roubar, em segundo lugar se me roubar Alice eu corro daqui até ao fim do mundo, em terceiro lugar, na verdade, Alice só ficará umas horas sem companhia.

Durante todo o dia a Carla esteve com ela, tirou folga – fui eu fazer o seu horário, que isto de sermos operários é mesmo assim -, aproveitou para correr, fez as malas e companhia a Alice.

Eu, depois de chegar, não estive em casa mais que quinze minutos, é que, ao mesmo tempo que uma âncora me prendia à cozinha, para estar com Alice, eu dizia a mim próprio que quanto menos tempo ali estivesse, menos difícil ia ser.

Alice passou esta noite sozinha, pela primeira vez, em casa, nada comparado com as noites que passou sozinha, na rua.

Deixámos comida e mais comida e água, deixámos a porta da cozinha aberta, assim tem mais espaço para correr, deixámos tudo como quando estamos em casa, o tubarão, o rato-raspador, a ovelha, o carrinho.

A Cristina passa por lá hoje e vai fazer companhia a Alice, reforçar a comida e a água, limpar o caixote e, acredito, pegar nela ao colo e fazer-lhe uma festa.

Pode fazer, Cristina, prometo que ela não lhe vai morder.

É a primeira vez que Alice é deixada sozinha, por nós, nada comparado com as vezes que se enfrentou, sozinha, na rua.

A casa está quente, a comida, a água, a Cristina, e domingo é já amanhã.

Ela vai perceber que não pode vir sempre connosco, aliás, nunca veio.

Eu é que não percebo o raio de aperto que se me invade aqui.

Raio da gata.

Apanhou-me na gatoeira.

É que eu nunca fui dado a ausências, provocam-me saudade, a saudade fragiliza-me.

Uma coisa prometo: domingo vou bater o meu próprio tempo na meia maratona.

Sinto-me forte, leve, com ganas e saudades.

Domingo vou lutar contra mim, numa espécie de luta, onde ganha quem correr mais rápido, eu ou eu.

Depois volto para o pé de Alice.

Gosto de reencontros.

E, há sempre uma primeira vez para tudo na vida.

 

 

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