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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

30.03.15

A VIDA E MORTE DE UM PAR DE TÉNIS


The Cat Runner

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Quem pensa que os ténis que nos acompanham durante tanta passada não têm vida está redondamente enganado(a).

Um par de ténis - ninguém corre só com um calçado, descalço acredito - nasce, cresce - é utilizado à bruta - e morre, no limite reforma-se e é arrumado na prateleira da vida. Como qualquer um de nós.

Há quem diga que duram uns 500 a 800 quilómetros, em média, depende de pé para pé. Umas 200 horas de asfalto comido a ponto do pecado da gula parecer uma brincadeira de anjinhos.

Diz que depois disso a sola perde 30% da capacidade de amortecimento. Pode não parecer importante mas, se olharmos bem para o nosso par de ténis, fiéis companheiros, somos obrigados a reflectir na sua existência, naquilo que sentem, os ténis têm sentimentos, pobres coitados, leais amigos. É verdade. Quem nunca correu que atire a primeira sapatilha.

Mas, sejamos pragmáticos.

Quando um par de ténis corre mais de 1.000 quilómetros a pressão plantar aumenta quase 65% e choca com os tais 30% de perda de eficácia no amortecimento.

Agora, imagine, 1.000 quilómetros, dos quais metade são corridos, quase diariamente, como se os pés estivessem praticamente desprotegidos, sem que disso se dê conta.

Pois é, são situações destas que legitimam e incendeiam algumas discussões à mesa do café.

Há uns meses, num outro blog que tinha e que entretanto este mandou encerrar, escutei uma conversa entre dois pares de ténis.

Eram ambos da mesma marca. Os primeiros tinham corrido 1.000 quilómetros num ano. Ainda não se falava do tempo de vida de um par de ténis nessa altura, outros tempos.

Os primeiros ténis não lidaram bem com a rejeição, que não foi mais que a ordem natural das coisas.

TENIS 2.jpg

 

Passou um ano. Os novos ténis correram mais que os velhos. Palmilharam 1.200 quilómetros.

Um ano passou, o bastante para se esquecerem - a memória é curta - daquele domingo em que apareceram e arrumaram com os outros ténis a um canto. Chegou a hora.

Decidi então comprar uns aviões, estreados numa meia maratona. Há o mito de que não se estreiam ténis em provas.

É esse o tema de uma forte discussão - que poderá ler pela manhã, pela fresca - entre os seis ténis, os três pares, sentados a mesa do café - dois deles estão em cima de umas almofadas gigantes às riscas.

E, no final, sempre ficou a saber que pode poupar pés, pernas, joelhos e coluna, escolhendo bem os seus ténis. Sobretudo no timing certo.

Passe por cá ás dez da manhã, depois da corrida, enquanto relaxa antes de começar o dia e divirta-se. Eu diverti-me com a conversa, juro.