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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

24.05.24

DICOTOMIA


The Cat Runner

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Há uma dicotomia que me interessa:

Deus e o Diabo.

Acredito nos dois.

Em algumas alturas dá-me jeito acreditar no Diabo, para puxar de dentro de mim o meu eu mais durão, do bairro, das cicatrizes e das vitórias cheuias de marcas na Alma.

Em outras alturas eu sou deus. O meu, por isso em letra pequena.

O deus, que quem quiser que eu seja. Eu, desde logo.

Acredito em Deus, mas de uma forma que só consigo explicar a que me olha nos olhos e sobe ao patamar da inteligência imaterial.

O resto são dates, não são flirts emocionais intensos.

Não debato, normalmete, porque anda sempre tudo a pensar em merdaas tão sem sentido, que acho melhor assim, ou debato com quem quer debater, porque são coisas que conseguem subir além do imaterial. É isso que me interessa na vida,

Calma.

Também gosto de desfazer uma cama.

Casamentos, não.

Deixe-me só voltar à dicotomia que me interessa.

Não consigo ter a inteligência imaterial do Valete.

Como em um jogo de cartas.

Diz assim:

Eu não sou a única força transcendente deste universo
O Diabo também existe, é o senhor do mundo perverso
É ele que divide e atrai os homens ao pecado
Tu tens que resistir, o Diabo é obstinado

Eu dei-vos livre arbítrio, liberdade total
Cabe a cada um de vós decidir entre o bem e o mal
É a falta de moral que traz desordem e desgraça
Se viverem por mim o mal deixará de ser ameaça”.

Eu vivo entre Deus e o Diabo. Todos os dias.

Dou por mim a pensar qual é qual, qual chegou primeiro, porque é que outro chegou depois, que é quem, que és tu, que me olhas de frente nos olhos, com a coragem que mais ninguém tem, nem sequer a coragem de ousar pensar em fazê-lo?

O que é Deus?

O que é o Diabo?

Que és tu?

Quem sou eu?

Quuem são eles?

É a vida, amiga(o)! Isso, é a vida, mesmo, viver. Liberdade.

A vida dos que vivem.

Não é a vida dos que já morreram mas não deram conta, porque não vivem, não viveram, porque não conseguem entender que é esta dicotomia que os domina, para sempre, até quererem. E, a todos. Deus e o Diabo.

Quem é que está nesse olhar, que me fixa, Deus ou o Diabo, ou os dois?

Em qual devo acreditar?

Em nenhum, respondo, porque a credito no que quero acreditar e, é isso que me leva de volta ao Valete.

Valete é um rapper português, que admiro há anos, porque faz intervenção.

Não é um daqueles rappers, das redes sociais, talentosos, mas com meias até ao joelho.

Valete é barra brava à séria.

Valete é mais cru na escrita do que eu sou e o que eu Amo revoluções...(reticências)!

A tinta que sai da medula dele é ainda mais carregada que a minha, mas o gajo inspira-me, quando eu me esqueço de ser o gajo que sabe sobreviver na selva dos humanos. Quando me obriga(m) a pensar no que ninguém pensa. Apenas uma música. A música tem tanta magia que não escro sobre ela neste texto. Tem que ser em outro.

Às vezes a pessoa vai a baixo.

Cada um tem os seus dias, não é?

Então (muleta assumida), dizia Valete, sobre a minha dicotomia:

Tu fazes muitas críticas, acusações e perguntas
Agora vou abrir o jogo só para ver se tu aguentas
Deus só existe fantasiado na vossa mente
Eu sou Diabo, o único ser superior existente

Vocês são minha criação, feitos à minha semelhança
Por isso é que o mundo é um palco de malevolência
Quando praticam o Bem é só um acto de desobediência
Vossos instintos naturais são o ódio e a ganância

Terão sempre a ditadura, a escravatura, a opressão
Descriminação, censura, repressão
Minha função foi criar-vos para auto destruírem-se
Para fustigarem-se, invejarem-se e consumirem-se

Pa' mergulharem na imperfeição, erro e pecado
Enlamaçarem-se no mal que eu tenho libertado
Deus só existe fantasiado na vossa mente.

Revejo-me no que ele escreveu, mas de uma forma diferente, oposta,  a essência é, no entanto, a mesma.

Deus só existe fantasiado na nossa mente porque é a forma de ele existir, mas falta acrescentar, fantasiado na fé, no imaterial, no propósito. No verdadeiro Propósito!

Por isso fantasiado, porque a mente é uma espiral cheia coisas inusitadas,

Há, sempre, no que queres, no que quero, no que queremos, que se quere, um propósito maior.

De outra forma a vida resume-se a “tarraxar” com a vida, no social, na praia, em restaurante de luxo, merdas banais, mas “tarraxar” não é isso.

“Tarraxar” é colar pernas entre pernas, gingar, lenta, mas de forma tão saborosa que os olhos cerram e os lábios abrem-se num sorriso “que escapa”, enquanto a música faz sua parte.

Os corppos cola-se, transpirados, mas os olhos mantêem-se cerrados.

A cena é:

Que olhar é esse, afinal?

Deus, Diabo?

Que canto é esse onde te sentas a beber um café sem açúcar, mas cheio e doce de magia?

Quem és. Quem sou. Quem somos. Triologia.

Um canto qualquer, porque Deus é quem nos guia. Se eu dou deus sou o meu condutor.

Porque é nele que busco a sabedoria.

Sou maluco mas não sou parvo, sempre atento porque o diabo esconde-se nos pormenores.

O Diabo.

Ardiloso, que se insinua nas sombras, sussurrando tentações.

Gosto dos dois. De Deus e do Diabo, sou assim e, então?

Recebo-os com cavalheirismo, no olhar, porque olhar não é só olhar. É olhar e ficar e querer.

O Amor.

É o ópio dos poetas.

Não sou poeta mas sou viciado no Amor.

Ele, sim, imprevisível, arrebatador, indomável. O Diabo e Deus são meio previsíveis, afinal, forma inventados pelo homem.

O Amor, não. Ninguém o inventou porque ele inventa-se a cada momento.

Deus tem soluções antes dos meus problemas.

E, o Diabo guarda o meu templo, à porta,

Mas, nesta dicotomia passa a haver um” triálogo”; Deus, Diabo, Amor.

Enquanto o Diabo semeia o caos  é o Amor que se atreve a pòr os pés à parede.

Deus assiste e analisa. Apenas.

E, chegado ao cruzamento , a placa mostra me Diabo para a esquerda, Deus para a direita, Amor, em frente e chego a uma conclusão, no meio do caos que provoca o renascimento:

Sou deus e sou o diabo.

Mas, há aqui magia, porque ainda estou a olhar para a placa com as indicações.

O Amor que desarranja tudo, talvez vá em frente.

E, tu, quem és?

Já te olhaste bem ao espelho, lá dentro de ti?

Se não viste Deus, o Diabo e o Amor, morreste e não deste conta disso.

E, morrer também é uma opção.

Só há um momento na nossa vida que não é  nossa escolha: quando nascemos.

Isso é o verdadeiro empoderamento.

Não escolhemos nascer, não há como, mas podemos escolher, a partir dessa fracção de tempo, tudo o que somos e também tudo o que queremos, porque, até o Amor.

O Amor pode escolher-se, disse-me a vida.

E, não há como meter um leão dentro de uma jaula e senti-lo livre.

A minha dicotomia ficou aqui resolvida, com este texto, é para isso que serve este blog.

Quando Deus e o Diabo, seja quem for que apareceu primeiro, me vierem chatear, saco da arma mas não disparo.

Aviso: respirem lá fundo, porque disparo Amor. Sou um snipper que dispara setas.

E, ficamos assim, senão tenho que acabar a citar um dos meus ídolos:

Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre.

- Albert Gabi Einstein -