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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

24.02.24

ENSAIO SOBRE A SOLIDÃO


The Cat Runner

 

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Entre sombras e luz.

É esta a condição humana.

A multidão e a solidão, companheira silenciosa.

A multidão que a teme e evita.

A solidão que ensina a viver.

É nela que encontramos a oportunidade única de nos descobrirmos, a verdade que nos mostra porque existimos.

É fácil sucumbir à solidão, por vezes ela torna-se num vazio desolador, mas não deixa de ser, na verdade, um convite.

Um convite para olharmo-nos por dentro, para descobrirmos os caminhos que conduzem aos recantos mais profundos daquilo que somos e fomos e seremos, porque seremos sempre o nosso próprio escudo protector.

O silêncio que nos confronta, a ausência de vozes, a (in)quietude do pensamento, como se a solidão não passasse de um espelho que reflecte a verdade crua, os sentimentos, os desejos e os medos.

Mas, o espelho reflecte tudo.

Ele não mostra só as imperfeições.

Ele define uma imagem à medida que vamos reconhecendo naquela figura tanto por explorar, num aparente vazio, onde mora a capacidade para criar e transformar.

A solidão também é uma opção, tal como viver e morrer, simples, tão simples, assim.

É aqui que a solidão é transformadora. Bela. Livre. Sim, a solidão só é feliz quando está em liberdade.

Não se pense que a solidão é só uma jornada interior.

É também a ponte que permite resolver os problemas com Deus.

Abraços.

Abraça a solidão e ela derruba-te as barreiras e guia-te até ao significado, numa procura que te junta aqueles que buscam o mesmo, a empatia, a compreensão, o rumo,  que não se encontra na multidão, que por vezes escapa à multidão, afinal, a multidão não sabe falar sobre a solidão.

Ela pode ser um inimigo a combater, ela pode ser um Mestre, a escolha é pessoal.

Na solidão aprendemos a apreciar a nossa própria companhia, a olhar a beleza que mora no silêncio, onde nos convidamos à autenticidade e chamamos a coragem para sermos, verdadeiramente, nós mesmos sem máscaras.

A solidão é uma linha recta para a compaixão, uma cabana onde a alma se refugia, sedenta de saber o seu próprio significado. A solidão tem dúvidas, não tem só as suas próprias certezas.

Na solidão encontramos não apenas nós mesmos mas também a promessa de um despertar.

Despertar, luz,.

A  luz que abate a escuridão e obriga a compreender a vida, da forma mais profunda.

Um pouco como aqueles homens complexos mas que não são complicados.

Não sou um homem só.

Apenas amo a solidão, até porque a multidão está sempre atrás da porta, do lado de fora e a vida acontece toda do lado de cá, do lado de dentro, do lado esquerdo, o lado do coração.

É preciso abrir a porta.

É que sou um gajo de amores, só não gosto de multidões.