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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

14.02.24

O DIA DO AMOR


The Cat Runner

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A liberdade é quando a alma corre, com o rosto levantado, entrecortado com o vento, de frente, que refresca o sorriso, com pingos de chuva que queimam os olhos e um frio tão acolhedor que chega a aquecer-nos a alma.

Nesses instantes, enquanto corro, costumo virar a cara para o rio, independentemente da música que me invade o cérebero e as artérias, naquele momento, sempre assim, porque é assim que eu corro. Vivo!

Em momentos que me travam, sem saber porquê, páro, tiro uma foto. Retomo sempre o caminho.

As fotos das minhas corridas parecem exibicionismo. Até são.

Mas, são as minhas mensagens, aquelas que eu quero que o mundo, um dia, se lembre.

Não são fotos sobre corrrida. Nunca foi.

No dia do meio, fui correr, como todos os dias, como irei hoje, o dia dos diuas, sempre no mesmo sítio secreto (ninguém sabe porquê porque ninguém tem que saber, eu, tenho).

O dia do meio.

O meio dia do dia e o meio dia da noite, a única fracção de tempo em que somos todos iguais, como a romã e o seus bagos.

A união na diversidade. Todos como somos, mas todos como queremos ser.

É de respeito, desejo, valores, celebração da vida, dos dias andados, os dias cansados, os dias de mãos dadas, é disso que se trata, é da prova provada que se trata.

É tudo tão Imaterial, se quisermos, e isso é ir muito além do comum.

Escrevo, qual  aprendiz,  de uma loja de polimento de pedras brutas, escrevo com as mãos gretadas, braços fortes de partir pedra, escrevo sobre o propósito da vida, esse "graal" que tudo comanda.

A sério?

Sim, é sério.

Eu acredito num caminho da verdade, do amor, do eu para ti, do mundo que, afinal, não é assim tão distante de mim.

E, provo o que digo.

Tentarei usar o storytelling.

Eu sei, este texto vai longo, vai a meio, melhor era fazer capítulos.

Isso, poderá ser, eventualmente, amanhã, o dia o decidirá.

Veremos como nasce.

Não deu conta, mas fui inalar uma coisa legal que me fez descobrir uns phones perdidos há semanas e só voltei agora.

Este parágrafo parece meio alucinado, wrong,

Alucinante foi, faz hoje um ano.

O dia dos namorados, sério?

Um abraço, especial, uma flor, ok, mas o exagero, sim o exagero faz parte da condição humana e ainda bem que faz.

Jantares, velas, bombons e o caraças, sim senhor, tudo muito bem.

Bora lá.

O dia dos namorados será sempre o dia 14 de fevereiro.

Mas, quem me dá o previlégio de ler este longo texto (é o longão da minha vida), também me concede o direito de sentir que este dia é dos namorados, mas também é o Dia do Amor.

Passou a ser O Dia do Amor.

Reparou nas letras grandes?

A história começa assim,

era uma vez um dia de despedida,

O cortejo seguia na descontra, a malta ia conversando, até os que seguiam dentro do carro preto, cheio de flores e cheiro a flores conversavam.

Lá, ao alto, onde o fogo oferece um bilhete para o "combóio do big adios", como diz o meu querido Alvarinho, estava um homem, encostado à parede do edifício, onde fica a "passagem", para entrar no combóio que tantas vezes Alvarinho menciona.

O Álvaro conheceu os gajos dos The Doors e é meu mano, respect!

O meu pai, vestido com a camisola do União, mais os cachecóis, mais as camisolas de campeão, mais aquele sorriso, que me mostra que nada devo temer - ia escrever que não tenho medo de nada - estava na fila para entrar na sua viagem, seguramente, um louca viagem, como todas, algumas delas viajei com ele, loucura total.

Saio ao meu pai.

Enquanto as pessoas faziam aquele compasso de espera activa - que eu observo e hipnotizo humanos, sou um expert mundial, sou mesmo, só ainda não me descobriram -tipo,  vamos dar os sentimentos ou entramos directamente para o salão, que tem uma espécie de bancos, como nas igrejas, credo cruzes canhoto, antes o demo.

Ao meio, o meu pai, sorriso em paz.

À frente o filho da puta do forno.

Aconteceu tudo antes.

Mal chegados, aquele vulto, aquele homem, vestido de claro, luz, tirou a perna esquerda da parede onde estava amparado e começou a caminhar em direcção ao nosso amparo.

Eu estava de mão dada com a mulher que ia dizer até logo ao seu amor eterno, o seu único e grande amor, que lição do caraças, minha mãe.

O grande amor, como o Amor de Romeo  e Julieta.

À medida que ele se aproximava eu via-lhe os contornos do rosto, cada vez mais nítidos.

"Não pode ser", pensei só eu.

"Sacana".

Sempre a sorrir, com aqueles dentes branco-imaculado, como este Dia do Amor.

Eu acho que até comunico bem nas redes sociais e sei que ele é inteligente, numa escala de zero a dez, quinze, mas falhámos os dois desta vez. Ahahah!

É que ele foI na véspera.

Não havia cortejo, rostos familiares, nem seque o defunto - deves estar a rir à brava, pai - , figura principal neste storytelling.

Se não havia nada, decidiu e bem e foi.

As peças da vida, escritas por pessoas com almas geniais, para lá do que vemos e redundam nestas cenas.

Eu sou diferente dos outros bilihões de seres, por isso, aqui, escrevo assim à maluca, como sinto e sou.

Ele também é assim.

Todos somos assim.

Haverá algum desses biliões de pessoas igual? Not.

Ele foi no dia anterior, mas a coisa dava-se era no dia do meio.

O dia entre o antes e o depois.

A ante-véspera, ontem e hoje, o dia em que o grande portão do jardim se fecha e só voltará a abrir quando a saudade me lá levar. Eu tenho a chave.

E, voltou.

Lá estava. No dia certo. No momento certo.

O "sacana", vinha a caminhar e a  andar - coisas diferentes -  cheio de luz, de brilho, cheio de energia que, naquele instante nos fez sorrir, vinha na nossa direcção.

Nós sorrimos nos dias maus. E, nos dias muito maus.

Foi mais ou menos assim, enquanto os figurantes da cena da cremação iam gerindo a coisa dentro dos seus padrões, vontades, corações, como entendiam.

Bem hajam.

"Meu querido, vais-me desculpar", diz-me ele a sorrir e a mostrar aqueles dentes brancos e aqueles olhos cheios de mundo bom, "desculpa, mas primeiro quero falar com a tua mãe".

A minha mãe quase não vê (e nunca na vida perdeu o seu sorriso e o seu olhar, terno, bonito, doce, mágico, que também é meu) - vou parar, de novo, está a ser catarse...

Voltei agora, são onze da manhã. Comecei este texto há dez horas.

Ironia ou doçura, foi por esta hora que tudo isto aconteceu, faz hoje um ano.

"Dona Adelaide, sabe que eu sou?".

"É o Rodrigo"...

"Sou, dê cá um beijinho, estou feliz de a conhecer (pessoalmente) porque já a conheço há muitos anos, ainda hoje de manhã, falei de si com a minha mãe".

Limitava-me a escutá-los.

Olhou-me nos olhos, vi o sorriso pintado de branco-imaculado, os olhos a brilhar entre a harmonia e alguma comoção, eu vi, eu sou bom nestas coisas da Comunicação Imateral.

Voltou a cabeça para ela:

"Dona Adelaide, nestes dias todos se lembram de quem morre e nunca de quem vive, hoje é o Dia dos Namorados, o seu namorado não partiu"...

Nunca partirá, hoje, um ano depois, apenas se fecha esta página. Há tantas para serem desenhadas, ainda.

Esticou-me o braço.

"Faz o teu papel".

Foi tudo muito rápido,

Segurei as rosas com ternura, olhei a minha mãe, nos olhos, sorrimos, estiquei o braço:

"Feliz Dia dos Namorados, amor da minha vida!".

A seguir fomos dar um beijo ao nosso Homem, porque "aquilo que mais interessa na despedida é aquilo que aquele que se despede gostaria".

"Se tirarmos AMOR da palavra NAMORADA sobra NADA"!

Dia 14 de Fevereiro será sempre o Dia dos Namorados.

E, o Dia do Amor.