GANHAR OU APRENDER
A vida vai permitindo descobrir que há uma verdade incrível, quando damos sem esperar a troca. Às vezes damos, apenas, sem esperar.
É difícil, porque uitas vezes damos e esperamos.
Outras vezes, apenas, damos.
Aquela ideia de “quem abre mão de mim perde, eu não perco, porque eu dou”, não é só um mantra nem um slogan bonito.
É algo que premeia a maneira de encarar.
Tudo.
Quando a entrega é verdadeira, quando o coração é colocado no que é feito, no que é construído, não há como perder, no limite, aprender.
Pode parecer cliché, se calha é, importa quase nada, mas a sensação que a capacidade de dar, sem condicionantes, de oferecer a mão sem calcular vantagens, de estar, mesmo contra as cordilheiras de vulcões, essa sensação, quando vivida como lição de vida, como aprendizagem é transformadora.
Ela permite ser quem não sei foi.
É como se a vida funcionasse de forma curiosa, como na verdade funciona: quanto mais dou mais recebo de volta mesmo que não seja da mesma fonte.
Uma troca para lá dos números, dos favores, das expectativas. Uma energia, que flui. Imaterial, como a comunicação. Raro entender.
É a autenticidade do gesto que importa, é o estar presente que importa, é o olhar que importa.
Não aproveitar é uma pena, para quem não aproveita.
Porque alguém tem que perder, mesmo que alguém ganhe ou aprenda.
É a lei da vida.
Nunca abri mão de mim, preferi sempre expandir, criar teias de confiança, misturadas com generosidade, como se cada acto de dar fosse um tijolo.
Os tijolos constroem casas, embora as tempestades as derrubem.
Então, sim, abrir mão, da mão que se estende, que dá, é correr o risco de perder a chance, o “one shot” autêntico. Chegou a tempestade.
Aceitar ou rejeitar.
Ganhar ou aprender.
É apenas a vida e a tal lei própria, o labirinto, cheio de corredores por onde vagueiam indecisões, que fazem pensar se o Minotauro é uma metáfora existencial ou se os medos existem mesmo.
Não se trata apenas de comprar um cão, porque há medos e medos.
Prefiro um Minotauro!