Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

05.02.24

What Was I Made For ?


The Cat Runner

 

IMG_4452~2.JPG

A vida é uma comédia para aqueles que pensam e uma tragédia para aqueles que sentem.

Enquanto os dados rolam, até que parem, em cima da mesa, no pano, verde-esperança, assalta-se a mente e os sentidos e tudo aquilo que somos.

Onde estão as repostas?

Os dados não páram de rolar.

As respostas estão dentro das perguntas, dizem os dados, agora já quietos, como que a fitar tudo à sua volta, por dentro e por fora. Absorvendo...

Tocar as estrelas e o seu brilho encerra em si atravessar a escuridão.

Conheço bem este caminho. Já fui e voltei!

Conheço-o tão bem que, dizem-me as estrelas, quem estiver disposto a fazer a travessia da escuridão, só ao alcance, apenas, dos eleitos, aqueles que sabem que a luz é o farol daquilo que nos construímos a nós próprios, só esses chegaram ao pote de ouro, que está lá à frente, no final do arco-íris.

É quando chega a magia da descoberta.

Aqueles raros presentes que a vida desembrulha, o inesperado, o extraordinário, pequenas coisas, pequenas coisas que se fazem e que dão ainda mais sentido à travessia.

A escuridão que mostra sempre a luz e o brilho das estrelas.

Entrelaça-se o real com o improvável, o hiper-real com a seda do toque, o poema com a música, o sol com a areia, passa a fronteira, numa dança que se prolonga para lá do tempo, para lá do espaço. Os lábios olham-se, sem se tocarem.

É magia, pois então.

Não há nada mais mágico do que um sorriso!

Linhas invisíveis.

O salão está elegante, a atmosfera impregnada de um perfume dourado, que espalha um rasto de micro-estrelas, tão pequenas e invisíveis ao olhar da multidão, que denunciam que por ali passou a magia.

Era aquele o palco de todas as canções.

Num longo pestanejar, o improvável quis ser possível, para além da compreensão.

Talvez fosse algo guardado num cofre, sem chave.

Uma encarnação de uma canção nunca antes ouvida, um olhar perturbador, uma palavra que escapa entre lábios, semi-cerrados, talvez, guardada num cofre, arrumado nos recantos mais profundos.

Acreditas na reencarnação?

Acredito no caos e no renascer.

Estás mergulhado nos teus pensamentos?

Atravesso a tempestade, carrego o Universo, levo certezas desarrumadas.

O tempo parecia render-se ao momento.

O silêncio...

As reticências...

A penumbra, atrás da luz...

A luz, suave, terna, aconchegante, que ilumina sorrisos.

Os passos, apressados, graciosos, compassados, como a tal música nunca antes tocada, que fala sobre o céu cinzento, e a vontade de cometer erros, e a vontade de ter a tentação como melhor amigo, e sobre gargalhadas no meio de toda a gente que não as entende, ecoaram e ainda os escuta e vê.

Foi ali, nessa eternidade, que aquele micro-nano-grama de tempo durou, que a cabeça se levantou, depois de um abraço que nunca dera e os olhos mostraram-se uns grandes mas inacreditáveis traidores.

Os olhos contaram o resto de toda a história.

Foi quando os fechou.

Viu, de olhos fechados, as pequenas coisas, as que fazem lembrar, porque soube amar as pequenas coisas que fazia.

As mãos tocaram-se e assim ficaram, numa enseada, numa praia grande, vazia, onde só os olhos e os sorrios se permitem continuar.

A praia que os levou para fora daquele salão, enquanto a maré enchia, como em todos os seus ciclos.

I wanna try...ecoava baixinho, no rádio do carro.