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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

13.09.22

A ANDRO...PAUSA...OU A HISTÓRIA DA MINHA VIDA...ACELERADA?


The Cat Runner

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Há uns bons largos meses que não vinha aqui à minha sala de estar, onde apenas eu me sento, escrevo e adormeço, aliviado. 

É por isso que este cantinho de mim é só meu. É o espelho que fala comigo e eu com ele. Entendemo-nos bem. É por isso que não escrevo sempre.

Só escrevo quando preciso.

E, preciso muitas vezes, mas vou adiando.

Escrever é aquilo que me liberta de tudo.

Tento com as corridas, tento com o muay thai, tento com treinos loucos num ginásio com um conceito canadiano xptó, tento com trabalho e trabalho e trabalho, tento com a minha solidão, que é a minha maior arma, penso eu, pensava eu e, quando tudo isto falha, venho aqui.

Sento-me.

Fecho os olhos e escrevo.

Vou escrever:

Diz a ciência e na ciência eu acredito, por isso é que sou agnóstico, mas não sou ateu, porque acredito numa espécie de deus, mas em energia, se me faço entender, sou um ateu-neo qualquer coisa, escrevia eu, diz a ciência que os homens entre os 40 e os 50 entram na andropausa, uma espécie de “méno”, mas em gajo.

Mudanças de humor, perda de energia, da líbido – pelo amor da santa, santa não que sou agnóstico, santa sim, porque os santos eram pessoas, logo, reais, palpáveis, eu não disse apalpáveis.

São alguns sintomas identificados pela ciência que me levam a crer que tenho isto desde os 30, mais ou menos, até menos, porque sempre fui assim, desde que me lembro e isso só me trouxe dissabores. Até hoje, mas hoje já está cristalizado em mim, já não me fere como outrora.

Diz a ciência que a andropausa diminui os níveis de testosterona, óh filhos, comam carne seca (pode ser dos Açores, mas não daquela que é doce, da picante está bem) que isso passa-vos.

Estou aqui a rir sozinho (não disse a rir-me sozinho se não era uma redundância).

Estou a rir, enquanto penso antes de escrever.

Então, imagine, um gajo no pico desta cena, da “andro”.

Divorcia-se nas férias.

Enfrenta sozinho uma pandemia durante dois anos (lembra-se de já lhe ter acontecido? Eu, não). Mas uns não sei quantos picos

Vive mudanças profissionais bruscas e intensas, não forçosamente dolorosas. Sai outra palete de picos.

Vive mudanças pessoais, não forçosamente dolorosas. Mais uma para a mesa do canto.

Enfrenta novas responsabilidades, novas exigências, que é isso que uma vida nova encerra. E, sai outra palete, se fazes o favor.

Assume. Gostou dos confinamentos, aí foi feliz, não se esqueceu dos outros, mas foi feliz.

Vivia sozinho, em casa, nas ruas, nas auto-estradas, na vida.

Foi temporário e ainda bem, mas fez lembrar “The Truman Show”, em individual, sem mais actores.

Agora, vou mudar para a terceira pessoa do singular, se não se importa.

Ganha uma vida nova, vive muitas novas vidas e choca de frente contra uma daquelas paredes de betão, como as que há nas carreiras de tiro.

Seguia triunfante por si mesmo, confiante, incauto.

Ele era o seu próprio alvo, que depois de perfurado, por uma bala pontiaguda, que se entranhava nessa parede de betão, uns poucos centímetros apenas mas o suficiente para deixar lá uma marca, a sua marca.

Pensou nisso uma ou duas vezes, mas há sempre aquela percepção de que "só acontece aos outros".

Dá-se conta, quase três anos depois, que passou por uma social experience idêntica à vivida quando uma guerra termina e há aquele período de euforia generalizada, seguido de um outro período profundamente depressivo.

Uma montanha russa,  a montanha russa que, afinal, tem uma regra, que até então desconhecia.

Uma regra que só quem nela anda a aprende: nunca pára!

Há avisos de tempestade, dizem as notícias.

“Danielle”, é a próxima.

Tem havido algumas tempestades, ultimamente, de fogo, de areia, de vento, de chuva, de raiva, de amor, de paixão, de amizade, tempestades de tanta coisa, umas tão boas, outras só assim-assim, que de repente percebe que ele é o tal “olho do furacão”, o “olho da tempestade”.

Vivem-se dias de tempestade!

Era aqui que queria chegar.

Estou na andropausa ou o mundo é que está na menopausa?

Bem sei que mundo é masculino.

Mas, também pode ser feminino.

Ou, então, tive um azar do c@€£‰ no timing.

Acho que tenho que experimentar coisas novas, como deixar de ser agnóstico e se Deus me falhar, então, paciência, fica definitivamente decidido:

É a história da minha vida.

 

(Todos os factos são assentes em acontecimentos ficcionados, como quando lemos na tv no final dos episódios – cada qual acredita no que quer)