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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

10.07.21

QUANDO OS SINOS DANÇAM CHORA A CATEDRAL


The Cat Runner

Sento-me no chão da varanda, envolvido por um calor que se cola,

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mas que sabe bem.

Brisa quente. Boa.

Escuto alguns sons do bairro.

Os pássaros, tirando os pombos que são muitos, em excesso.

As vizinhas, os carros, a música, aquilo tudo misturado com aquele calor saboroso, vindo do lado do rio.

O sítio onde vivo é engraçado. Eu faço um desenho.

Uma estrada de norte para sul.

Outra estrada, paralela, de sul para norte.

Confluem, ambas, numa ponta e na outra.

Ao longo dessas duas estradas, no meio das duas, é isso, é assim o sítio onde vivo.

O sítio já se alongou para fora da berma, com o passar dos anos, mas o centro do sítio onde vivo é assim mesmo, no meio de duas estradas.

Ampliou-se, mas cá em baixo as ruas, os bairros, as travessas, ainda têm sons, cheiros e brisas só suas.

É isso que se me depara, sentado no chão da minha varanda, com o rio, ali ao lado, a olhar-me, com ar de troça, carinhosa, mas troça.

A vizinha do segundo andar debate com a vizinha do primeiro andar, do que me deu a entender, a situação de um dos gatos que por aqui habitam.

Aqui, na travessa, as pessoas ainda metem água e comida em caixas, na rua, para os gatos, que se escondem do calor debaixo dos carros, ou se aquecem, por causa do frio, em cima dos carros. Não sei.

Confesso , não consegui identificar, muito menos decifrar, a música de fundo que saia de uma das varandas.

Está abafado.

Um calor do deserto e há uma brisa brutal, nesta rua há sempre uma brisa brutal, por vezes vento. Fresco. Quente. Vai e volta. Voa, em piruetas, zuuuuummmmmm...

Se imaginou estas duas estradas paralelas, com uma cidade no meio delas, imagine que eu vivo numa rua perpendicular, como há outras ruas assim, que ligam um lado ao outro da cidade.

Vivo no meio. Mesmo no meio.

De um lado a estrada e o rio, do outro a estrada e casas.

São quatro esquinas, duas de cada lado.

No meio, um corredor de ar, em espiral, que vai ao rio e volta à cidade, como a vida que vai, umas vezes e volta, outras vezes.

Vai dar tudo ao mesmo sítio.

Vai dar ao coração.

É aí que vivo.

 

 

 

03.07.21

O CORAÇÃO MANDA NISTO TUDO


The Cat Runner

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O meu coração fica mal se não me ouvires até ao final.

Vou-te confessar, ando assustado há muito tempo, desde o tempo em que dei um mergulho no meu íntimo e deixei de te ver, perdi-te de vista, como me perco tantas vezes, foi o que eu disse há bocado, como não percebeste?

Por vezes achei que não soube decifrar, ou talvez nem quis tentar, como diz a música. Não sei, o que será!

Já não te vejo há tanto tempo que a memória embacia e não vejo os contornos do teu sorriso e quando o telemóvel toca, agora, a vida sente-se vazia, breves instantes.

Não és tu.

Tudo volta a ser.

Hás-de voltar, eu sei. Mesmo que isso custe o mundo inteiro.

Há muito tempo...

Pinças, porque o tempo cura tudo, junta pedaços, ínfimos, quase invisíveis, foram dias cinzentos, abafados, como os dias que se seguem sempre a um momento de loucura, que dura, dura, dura!

Podemos perder o bilhete da lotaria, só não podemos perder o resto.

Somos tão burros!

A porta não fechou e se eu ainda aqui estou é porque ainda aqui estou.

À tua espera.

Porque sei que voltas.

Ainda não aproveitámos nada.

Hoje, vou jantar fora e vou brindar.

Ainda não morremos!

Let´s talk about life!