DISCLAIMER OU COMO QUEM DIZ CALMA LÁ !
Disclaimer:
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Assim dito avancemos.
O telemóvel vibrou, digamos assim.
“Foste prá noite, esses olhos...”
Ele leu só assim de relance porque estava a trabalhar. Só leu a notificação.
O telefone volta a vibrar.
Estes gajos não páram f@€£‰¶ !
Até porque, essa agora, ele nem nunca tinha sido de olhos inchados, inchado só o peito, embora, as olheiras ligeiramente carregadas fossem uma das duas ou três suas imagens de marca, cum carago!
Na verdade havia ali qualquer coisa naquele olhar.
Nem era bem no olhar, porque não era uma coisa da alma, era mais parecia que tinha levado dois directos no sítio certo. Directos de luta não é outro tipo de directos, que assim evitam-se confusões, damn right.
Podia meter gelo. Podia averiguar de onde é que aquilo apareceu. Podia tratar aquilo. Podia deixar ver se passava e foi o que fez. De-sin-cha ! A ver se...
Um gajo, agora, naquela idade em que até a usam como argumento, “ah é da idade do José António, mas é giro”, já não pode, dizia, gastar uma noite de montante a jusante, porque isso deixa marcas. Claro que deixa, e então?
As ondas são para surfar. É só escolher a certa e cavalgar (sem a carga pejurativa que esta frase possa indiciar)
Párem lá com as mensagens.
Aquilo eram sinais, que haveriam de desaparecer com duas noites e dois dias de sono profundo, com tudo desligado e fechado e com o edredão aninhado entre as pernas. Get up, get up now!
Marcas, pensou, nem tanto, por vezes usa-se tão mal o português, até eu, o que lamento profundamente.
Marcas só nos anúncios de tv ou nas prateleiras dos super mercados (já não sei se se escreve com hífen ou sem ele e não me apetece ir verificar, eu sou só o narrador, tenho essa prerrogativa).
São, digamos assim, privilégios de uma certa idade, dirá, que diga, se é isso que quer dizer.
Não será de todo incorrecto, a vida vai dando esse direito, esses direitos, de passar uma noite com consequências, sobretudo ao nível dos olhos.
As luzes amareladas da noite reflectivas na base do olhar, mesmo ali por baixo dos olhos, entre os olhos e o início das maçãs do rosto revelam todos os sinais, no rosto de cada um.
A noite, o dia, aqui, ali, ontem, hoje, porquê, onde, talvez, eu, círculos, passes de mágica e roletas russas, e montanhas russas e vodka, também russa, tudo revela sinais que marcam.
Não são marcas, isso deixa a vida. Há remédio para tudo até para maleitas dessas que a vida vai deixando.
Uma e outra não são a mesma coisa embora possam ser consequência de cada uma, como os sinais no rosto de cada um, apenas isso.
Nem leu as outras mensagens. Desligou o modo vibração, desligou as notificações e adormeceu. Olhos inchados. Fechados.
No dia seguinte, no outro, no outro e no outro, era sempre a conversa das olheiras, os olhos inchados, a noite, tu andas a dar-lhe, sempre dito por rostos diferentes, com um sorriso comum, entre a o malandro e o prazer, como quando ganhas uma medalha que não quer dizer nada, mas ganhaste-a.
Onde ele mais notou até foi nas fotos que fez questão de partilhar nas redes sociais.
Um narci-neo-sista com idade para tal, para ser o que quer ser.
Ou não, há já tanta opinião nesses mundos, sobre os mundos dos outros, que é preciso ponderar todas as variáveis, até mesmo um simples creme para as olheiras.
Era tudo junto.
Mais essa noite.
E, isso paga-se caro, meu caro.
Oh se paga.
O segredo está nesses cremes, há alguns que até nos deixam mais bronzeados, aquilo hidrata mesmo e lavar a cara várias vezes ao dia e esticar o sorriso, para os lados, para dentro.
Não só faz bem à pele, como lava a alma, lavar a cara várias vezes, porque o sorriso estica.
Já cá faltava esta, a alma.
Venha é a noite que se esconde atrás das olheiras que hão-de passar e se não passarem a gente faz com que passe. A noite passa.
O que não falta aí são clínicas de estética, da cara e da alma.
É só escolher.
Não se esqueça do disclaimer, lá em cima:
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Fim!