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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

21.03.20

Dia Cinco " Coisas Difíceis De Entender "


The Cat Runner

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(Foto: The Cat Run)

 

Segunda feira regresso ao trabalho.

Já sei que a redacção está muito diferente.

Agora há muito espaço, são muito poucos em cada turno, as portas estão sempre abertas, quase todos trabalham com máscara e luvas, com muito mais cuidado e afecto e a segunda circular é, provavelmente, a melhor entrada de uma capital, em todo o mundo.

Vim de sete dias de trabalho.

Estive oito dias em casa.

Volto doze dias, para as notícias.

Depois, roda o disco e toca o mesmo.

Acho que é isso que vai acontecer.

Não fosse o que é e nem me custava a acostumar a esta vida de trabalhar 15 dias por mês.

Se calhar, no final, os nórdicos é que a sabiam toda. Mas, não dá. Pelo motivo que é,não dá.

Mas, trocava isso pela lógica, se desse.

Tenho tentado perceber junto da lógica e perguntado se vale a pena e encontrei resposta.

Claro que vale a pena, só que há coisas que não têm lógica coisa nenhuma.

Nem nessa alucinação ilógica essas coisas fazem sentido.

Como é que é possível que ainda exista, hoje, um ser humano à face da Terra, num momento tão extraordinário como este das nossas vidas, que não tenha ainda compreendido, de facto, o que está a acontecer ao mundo, ao país, à cidade, à vila, à aldeia, à rua, à família, aos amigos, aos colegas. Mas há, eu vi.

Não, não chega sugerir que fiquemos em casa, ainda por cima com regras claras e definidas, sem nos roubar a liberdade total. Muita dela colocada dentro de uma caixa, por um motivo maior, uma caixa de onde meia dúzia de peões teimam em saltar para fora.

Não chega.

Enquanto houver uma só pessoa que fure esta lógica não chega.

Não me choca que a próxima medida anunciada possa ter a ver com a vigilância da via pública, para não escrever das ruas que é mais pesado.

Aquilo a que eu assisti hoje levou-me a uma reflexão cruel, porque acreditava que já não ia ver mais o que vi.

Nós somos polícias uns dos outros, mas nós não somos polícias uns dos outros, não podemos nem devemos ser, não podemos ir por esse caminho. Não podemos agir como se fossemos polícia dos costumes, mas não podemos ficar indiferentes a quem não é minimamente responsável.

 

Pessoas que não gostam de sugestões, preferem imposições, provavelmente, mas não tem que ser assim, não devia. Duvido que não venha a ser.

Toda uma maioria de guerreiros prejudicados por soldados bêbados e desalinhados. 

Aquilo a que assisti hoje impeliu-me para o quartel da GNR mais próximo.

Acabei a virar em sentido contrário, no cruzamento, porque ser polícia dos outros vai contra tudo aquilo que temos andado para aqui a defender. Não somos nós a polícia.

Eu tenho autorização oficial de circulação na via pública, devo responder exclusivamente às indicações das autoridades de saúde, caso não esteja a cometer qualquer ilícito, obviamente, e devo colaborar com as autoridades de segurança, esteja ou não esteja em horário de serviço.

Por isso o dilema que me assaltou.

Por isso a reflexão que fiz.

Por isso a decisão que não consegui tomar.

Mas, da próxima vez que um grupo de cinco ou seis pessoas passe a tarde no exterior de um local público a beber minis, a fumar e a comportar-se como se estivéssemos a viver como há um mês espero já ter reflectido e tomado a decisão mais correcta, nessa altura.

Mudei de direcção porque a conversa enojou-me mais do que a atitude;

“Aquela gaja, a Greta, essa, o Covid mata mais que a gaja”, ou lá o que isso quisesse dizer, lá isso desse "gaijo", o Covida. Apenas quis sair dali. E, saí.

Foi só por isso que mudei de direcção e fui para casa.

Segunda feira regresso ao trabalho e sei que vai valer a pena.