Dia Quatro " Fique Em Casa "
Dias novos, dias de medo, dias de inspiração, dias que mudaram os nossos dias.
O jornalismo televisivo, não sei se alguma vez demos conta, é compatível com o teletrabalho, mas não é uma prática, isso sabemos, por isso parece ser mais difícil de fazer.
Tudo o que é desconhecido assusta. Até os vírus.
O teletrabalho é uma ferramenta que tem – poucos – lados negativos e – muitos – lados positivos, para as pessoas e para as empresas, para o ambiente, para a sociedade e para a economia.
Na verdade, quando estamos fora da redacção, em trabalho, os jornalistas de televisão estão a fazer teletrabalho, apenas não temos essa consciência, porque não nos é habitual.
Recolhemos a informação, editamos e enviamos para a redacção, para ser emitida a reportagem.
Usamos equipamento profissional, fazemos equipa com o repórter de imagem, mas estamos fora de portas.
Nestes tempos estranhos, em conversa com o meu Chefe de Redacção e meu amigo, sugeri sair à rua e fazer uma reportagem/teste.
Estou quase há oito dias em isolamento social e tenho gerido bem o tempo, mas faltava-me qualquer coisa.
Luz verde e lá fui eu.
Levei o meu tripé, o meu micro de lapela para smartphone e o telemóvel.
Meti-me no carro, fiz um roteiro mental, coloquei a carteira profissional pendurada no pescoço e fui conduzindo pelas ruas e estradas aqui da zona onde vivo.
Vivo numa das zonas do país onde há uma das maiores comunidades chinesas, aqui no condomínio tenho quatro famílias chinesas como vizinhos.
Há bastante tempo.
Era o dia 1 do Estado de Emergência.
Fazia sentido tentar fazer esta reportagem com os meus próprios meios, amadores, e com a minha experiência, profissional.
Um equilíbrio que também foi um teste à minha agilidade criativa.
Por isso é que o meu diário estava quase um dia atrasado.
A razão estava comigo e com o Vasco Rosendo.
A reportagem já foi exibida nas redes sociais, na TVI e na TVI24.
Não, não quero abrir nenhum precedente nem colocar em causa empregos, deixem-se disso. Apenas a necessidade que aguça o engenho.
Assim, quando a guerra acabar, posso dizer que na minha carreira cheguei a fazer reportagem com um telemóvel.
Quando a guerra acabar podemos dizer tanta coisa.
Mas, do que eu mais sinto falta é dos abraços.
( Esta é a reportagem experimental que foi emitida )