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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

01.02.20

STORYTELLING CÓSMICO NUM FIM DE TARDE EM LISBOA


The Cat Runner

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O que vai ler a seguir é uma história.

Faço questão de lhe deixar este reparo logo a abrir porque ao longo da história pode dar-se conta de estar dentro de uma “curta”, onde as personagens se fundem em perpétuo movimento.

Até porque esta história tem histórias dentro dela.

A narrativa perfeita.

Cósmico, como alguém disse.

E é assim que começa esta história;

Foi cósmico.

Para os presentes e para o ausente. Não para todos os presentes, apenas uma mão cheia deles, porque aos amigos nada se nega, muito menos quando se trata de coisas de energia, do toque, dos sorrisos francos, da inspiração genuína, alguma vez se pode negar uma viagem nas nuvens com os pés na terra?

O Pedro, quando me convidou para apresentar o livro Sharing My Change pediu-me para incluir na apresentação uma história que tinha acontecido comigo.

O livro a quem o Pedro, a Maria João e a Teresa deram vida, tem dentro dele muitas vidas, de pessoas, como eu, como nós,  ele junta casos reais de quem teve audácia, coragem e visão para mudar.

A viagem.

A jornada.

É uma viagem, com ponto de partida, com ponto de chegada, malas feitas e arrumadas no porão, o livro.

Cintos apertados, vamos levantar vôo, porque era para isso que ali estávamos, eu, o Pedro, a Teresa e a Maria João, mais todas aquelas pessoas interessadas em viagens de pessoas como elas. E outras, ainda.

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A história que o Pedro me pediu para contar é a “história do Ruben”.

Escrevi sobre ela há dias.

https://thecatrun.blogs.sapo.pt/the-natural-born-lider-107928

Ela personifica a viagem da mudança de cada qual, que é permanente.

Ela implica, apesar de termos tudo arrumado e devidamente ncontrolado, algumas mudanças de percurso, inusitadas mudanças, para seguir caminho, que nas nuvens todos andamos, todos mudamos.

Naquele fim de tarde contei a “história do Ruben”, o menino que me convidou para me prestar um tributo, pela admiração que dizia ter por mim e pela minha carreira. Tinha onze anos, o Ruben, nessa altura.

Já era o director do jornal da IPSS onde passava as suas tardes depois de sair da escola. Ofereceu-me uma edição autografada, que guardo até hoje e fiquei sem saber quem admirava quem, afinal, até hoje.

Anos depois, um amigo comum fez-me chegar uma mensagem:

“olha esta foto, o menino que queria ser como tu a entrevistar o Medina”.

Tinham passado sete anos.

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O Ruben está acabar o liceu (Jornalismo) e está envolvido em outros projectos diria pré-profissionais.

Contei a “história do Ruben” a pedido do Pedro, que é director de Recursos Humanos do grupo TAP, porque ele entende que ela ilustra uma das, se não a principal característica de um líder, de uma  liderança, que permite viagens, num processo de mudança, fundamentada na inspiração. Neste caso natural, real, envolvendo duas partes, duas pessoas, o Ruben e eu.

No final da apresentação do projecto, como sempre, fica-se ali um pouco à conversa.

Sou então abordado por um rapaz, na casa dos 20 e poucos.

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Gonçalo, alentejano, 28 anos, acompanhado da namorada, a Filipa, assitiram a tudo e, no fim, tinham algo brutalmente impactante para o final daquela viagem.

Queria, o Gonçalo, educada e gentilmente, contar-me a sua história.

Todos os seres racionais contam histórias e têm histórias para contar.

Detive-me, impaciente, porque havia algumas pessoas que queriam despedir-se mas, detive-me e ainda bem.

Fique apenas a escutar.

O Gonçalo fez uma televisão quando tinha oito anos e não mais parou.

Replicava o que via na TVI, gravava tudo, horas a fio e depois fazia a sua própria emissão, com régie, convidados, peças, entrevistas, directos, chegou a ter conteúdos que davam para vinte e quatro  horas de grelha.

Esta era metade da sua história, a que me queria contar.

“Costumo vir aqui à FNAC trabalhar, com a minha namorada”.

Eu escutava-o deliciado já a fazer contas de cabeça para fazermos uma reportagem, para uma televisão a sério, aquela que o Gonçalo admira desde os 8 anos.

“Chegámos, vimos que estava a acontecer qualquer coisa e ficámos a prestar atenção. Quando começou a contar a história a minha namorada deu-me um toque no braço e disse-me, está a falar do Ruben, de Alhandra, nem queriamos acreditar”!

Completamente estupefacto perguntei:

"Conhecem o Ruben?".

Confesso que pairou no ar qualquer coisa de magnético, assim desse género, o corpo pareceu levitar sem sair dali, fitava o Gonçalo nos olhos para lhe ler a alma. Houve energia naquele pedaço de tempo.

“Não pode ser”, respondi-lhe, meio atordoado, ao que me disse;

“Nós conhecemos o Ruben, ele trabalha nos nosso projectos. Ele está aqui no Colombo e era suposto estar aqui connosco, mas está ainda atrasado, já lhe ligámos a dizer onde estávamos”.

Acto contínuo o telemóvel da namorada, a Filipa,  toca.

“Atenda”, atirou-me o aparelho para a mão.

“Estou a conhecer a voz”, disse Ruben, do outro lado da linha, “peço desculpa, estou a reconhecer mas...”

Quando percebeu onde estavam os amigos, com quem estavam, ficou em silêncio.

Percebi porquê, quando mais tarde me enviou a mensagem que replico, com a sua autorização.

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Apresentei o Gonçalo ao Pedro, à Maria João, à Teresa, ao editor da RH e ao responsável da FNAC e contei-lhes o que tinha acabado de acontecer ali.

A energia daquele sítio aumentou e fundiu-se. Estávamos em comunhão.

Depois de contar a história do Ruben, na apresentação da viagem Sharing My Change, aquele casal abordou-me porque, casualmente, também estavam ali e eram amigos do Ruben, de quem eu não sabia nada até há uns dias, quando o tal amigo comum me enviou a tal foto.

O Ruben estava perto de nós, mas nunca chegou a aparecer.

Aquela roda de pessoas escutou a improbabilidade real da história, quase incrédulos e felizes.

Enquanto uns faziam silêncio, com um sorriso aberto, outros exclamavam que “isto é cósmico, toda esta cascata de ligações, casualidades, acontecimentos".

Tudo porque o Ruben gostava de mim e do meu trabalho, quando tinha onze anos.

Tudo porque o Pedro me pediu para contar a "história do Ruben", naquele momento importante, perante uma plateia de pessoas ligadas às organizações, liderança, Recursos Humanos e ensino, coisa de responsabilidade.

Amigos, também, alguns.

Quanto ao Gonçalo, ele também tem uma história real, afinal não é todos os dias que um miúdo do Alentejo começa a mexer em câmaras e a fazer gravações, aos 4 anos,  e cria uma televisão imitando uma televisão real, com tudo documentado e gravado, aos 8.

Aos vinte e oito ainda não parou. Vai de escola em escola e faz workshops para os miúdos.

Leva a sua carrinha, a sua régie, as 4 câmaras e pimba.

O Gonçalo, a Filipa e o Ruben.

Ele, o Gonçalo, até já foi eu.

"Já fiz de si !", disparou à queima-roupa. 

Mas, isso fica para o próximo post.

Não casámos e fomos felizes para sempre.

Fim.