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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

22.11.19

COISAS DE GAJOS


The Cat Runner

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Foi um dia de cão, que até nem me correu mal.

Um spin, como agora se diz, ou lá o que é que isso queira dizer.

Um tipo chega aos cinquenta e já não chega como chegava, atrasado. Há mínimos.

Se ontem me deitei tarde, porque saí tarde do trabalho, porque jantei tarde e, porque, ao contrário da corrente mais intelectual, estou a adorar a nova temporada de “The Crown”.

Me, Peaky Blinder, me confesso, não gostei da última temporada sobre a famílias Shelby, adiante.

Entendo o Arthur Shelby, mas há médicos que tratam depressões, desculpem lá!

Dizia eu;

se ontem me deitei tarde, em outras alturas, hoje levantava-me tarde, mas não, às sete já estava a pé.

Resulta, há menos stress, logo ao acordar.

Ups!

Os planos saíram trocados, alterações de última hora, tenho que levar os miúdos, ela à escola, ele estação dos comboios e ainda tenho que meter gasóleo e não há uma única excepção para entrar em Lisboa que não a minha adorava CREL, por causa da chuva, do vento, dos acidentes, das filas, o normal.

Um pouco de stress, afinal, era eu quem corria o risco de chegar tarde, quando até o breakfast – não sei se deu conta mas gosto de me armar aos estrangeirismos – eu tinha tomado nas calmas.

Em televisão há sempre um plano B, C ou D, neste caso chama-se CREL.

Paguei quase quatro euros mas cheguei a tempo, um café, e sair para começar uma reportagem de longa duração sobre um tema bem interessante.

A forma como os futebolistas fazem a gestão financeira das suas carreiras, das deles.

É aqui que, apesar de o dia até estar a correr bem, a pessoa começa a sentir que está é a ser um dia de cão.

Chegámos à Alta de Lisboa e nesse exacto momento em que estamos a sair do carro começa a chover, mas a chover, não eram pingos, eram baldes de água.

Aquela sensação de desconforto, com um enorme tripé ao ombro, sem saber bem para onde ir, com o equipamento às costas à procura do 27-B.

Completamente encharcado fiz a primeira entrevista, desta reportagem, adiámos as filmagens para um tempo melhor, literalmente e regressei à base.

Incrível.

Ao longo do curto caminho começo a perceber que estava a ficar doente. 

Com o passar dos minutos a sensação intensifica-se e os sinais também.

Como levei a mochila decido ir correr, quando sair e tratar a constipação, ou gripe, como habitualmente, com a chuva e com o vento.

Tenho corrido todos os dias, hoje era dia de correr 12 quilómetros. Tinha a mochila no carro. Tranquilo.

Mas, já sentia a cabeça meio vazia (questiono-me se isso era sintoma da gripe ou se é mesmo assim), dores no pescoço, no resto do corpo, arrepios.

Sem força.

Correr, não. Hoje, não. Não consigo.

A questão nem tem a ver com o meu plano de perda de peso/gordura que até está a resultar. Tem a ver que, mais de um ano depois de ter corrido a maratona, voltei a ter prazer a correr e em correr.

É como uma facada no coração (ou em outro sítio), ter vontade e não conseguir.

No caminho para casa ainda reconsiderei, ponderei, acho que vou arriscar, pensei.

Eis quando, a mochila...

Ficou dentro do carro, porque voltei num carro da empresa, por motivos profissionais. O meu ficou no estacionamento, no trabalho.

Não tem problema, vou a casa, equipo-me e sigo.

Tem problema, tem.

Esse foi o problema.

Cheguei a casa, já depois de ter metido um pó debaixo da língua que até me aliviou os sintomas, mas já não consegui sair, por motivos de força maior.

Estou sem forças.

Com a agravante de ter que trabalhar este domingo.

Esse ainda é um mal menor.

Mal maior foi ter deixado a mochila dentro do carro, no trabalho, com o nécessaire lá dentro. Tinha lá tudo. Escova de dentes, de cabelo, perfume, creme para o corpo, para o rosto, lâmina de barbear, óleo para a barba, coisas de gajos na crise da “Meia Idade”.

Para tudo isto tenho redundâncias em casa. Duplicados. Substitutos.

O que me assusta é outra coisa.

Também lá ficou a minha cera para o cabelo, old fashion pomade, que compro no meu barbeiro.

Sem isso sinto-me despido.

E, sem a minha cera, até posso melhorar da gripe, por acaso neste momento até estou melhor, até posso não ir trabalhar, no domingo, se piorar, mas sem ela, uma coisa eu sei: à rua eu não saio.

Vou mas é tomar um Ben-u-Ron, que foi um dia de cão.

E até nem correu mal.