Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

13.04.19

UMA LONGA HISTÓRIA DE AMOR


The Cat Runner

FBIMG155514889158701EasyResizecom.jpg

 

FBIMG1543333750705EasyResizecom.jpg

São cinquenta anos, não são cinquenta meses, nem cinquenta semanas, nem cinquenta dias.

Há cinquenta anos aquela miúda, com cara de miúda, rosto desenhado por um esquadro perfeito, sorriso só seu, vestida de branco, o branco que só as noivas sabem usar, entrava na igreja, para percorrer um caminho quase eterno.

Arrisco, eterno.

Há cinquenta anos aquele miúdo, com cara de miúdo, rosto desenhado por um esquadro perfeito, sorriso só seu, vestido de preto, o preto que só os noivos sabem usar, flor na lapela, esperava por ela, junto ao altar, para percorrer um caminho quase eterno.

Arrisco, eterno.

Os dois.

Apaixonados.

11IMG0041EasyResizecom (1).jpg

 

Duas vidas que se fundiram, eternas, naquele dia de sol.

Arrisco, eternas.

Hoje aquela miúda e aquele miúdo fazem cinquenta anos de casados.

A minha mãe. O meu pai.

IMG_20190412_225455.jpg

Pela mão do meu avô, que não era meu avô, era padrinho, o homem que me criou, pela mão daquele homem alto, cabelo branco, imaculado, ela entrou na igreja e foi a mão dele que entregou a mão dela, para sempre.

Os convidados, poucos, olharam para trás, quando a música ecoou.

Vem aí a noiva!

À porta da entrada da igreja o mais belo quadro que o homem alguma vez pintou.

A minha mãe, mão dada com o meu avô.

Toca a marcha nupcial.

Os passos são lentos, cadenciados.

À medida que a noiva passa, pelo centro da igreja, passadeira vermelha, as cabeças vão rodando.

O tributo à beleza, ao amor.

A minha mãe, que ja me levava dentro dela, grávida de um mês, dezasseis anos de idade.

O meu pai quase dezanove.

Dois miúdos e eu.

Foi o meu primeiro casamento.

Tudo o que sei foi-me contado, fotos, conversas, confissões.

São cinquenta anos.

Uma vida toda, uma vida que tudo fez para os separar, uma vida que perdeu o jogo.

5_image_00031-01.jpeg

 

Eles hoje fazem cinquenta anos de casados e, se não conseguiste até agora, deita a toalha ao tapete, porque eles são eternos, “jamais o homem conseguirá separar aquilo que o amor uniu”!

É o amor que une.

Depois veio a tropa, o trabalho lá fora, os meus dois irmãos que morreram, pequeninos ainda, veio o meu irmão Ricardo, que deu brilho à nossa vida, vieram os meus filhos, os netos dos noivos, a felicidade de os meus pais voltarem a ser pais, de novo, veio a reforma, veio tudo por aí fora, sem nunca perderem aquilo que o amor empresta às almas boas, a união, mesmo nos momentos de desunião, o carinho, mesmo nos momentos de revolta, os sorrisos, mesmo nos momentos de lágrimas.

9_IMG_20190330_165603-01.jpeg

 

Nunca esperei ver os meus pais celebrarem cinquenta anos de casados.

É, por isso, hoje, um dos dias mais felizes da minha vida.

IMG_20190412_224658.jpg

A minha mãe não vai à Grécia, como era o seu sonho, nem voltará a vestir o vestido branco - mãe, nesta idade nem fica bem -, o meu pai não vai voltar para o Ultramar, nem vai voltar “lá para fora”, para ganhar a vida, porque em tudo o aquilo que não nos corre bem, na vida, há sempre qualquer coisa que envolve o nosso coração, o amor. 

Nada disso vai acontecer, porque um dia alguém terá escrito que era assim que ia ser.

O que vai acontecer, eu sei, o que vai acontecer é que vão viver juntos, para todo o sempre.

Alguém o escreveu, não fui eu. Jamais tería essa ousadia.

O Rodrigo, a Maria, o mano e eu temos tanto orgulho em vocês, que perdi a vergonha para vos dedicar este texto, e mostrar a toda a gente, escrito com os olhos molhados, rasos de Lezíria, como escreveu o poeta, a nossa Lezíria, a planície que nós viamos da varanda da nossa casa, para lá do rio, um amor de perder de vista, como o vosso.

Tenho a certeza que hoje o "Gu" vai marcar mais um golo. Por vocês. Para vocês. Mais um.

Já viram que o meu filho já vos dedicou mais golos do que a mim?

Já viram que a minha filha olha para vocês com uma ternura em nada igual da que olha para mim?

Como eu gostava de ser assim, quando crescer, como vocês, dignos da admiração profunda daqueles que vos amam.

1_FB_IMG_1543334741146.jpg

IMG-20180828-WA0008.jpg

 

Eu não vi o casamento dos meus pais, mas estive lá, porque a minha mãe me levou com ela, dentro de si e, isso, isso é qualquer coisa de brutal, mágico, ligou-nos para sempre um ao outro.

Eu não vi, mas a minha mãe e o meu pai também não viram que, nesse dia,  eu estava a sorrir.

Como agora.

Jamais “o homem conseguirá separar aquilo que o amor uniu”!

Até à eternidade.

 

 

 

 

 

 

 

08.04.19

QUANDO FOR GRANDE QUERO SER MÉDICO


The Cat Runner

26272DTLEasyResizecom.jpg

Há corridas para todos os gostos.

Mas há uma que é “a maior corrida universitária em Portugal”.

E, também é para todos os gostos, palavra do gato que corre.

É esta a história que lhe quero contar. A história de uma corrida que me apaixonou e ainda não a corri.

Desde logo, uma corrida que não tem fins lucrativos, ponto.

Mas, tem um objectivo claro;

criar laços entre a promoção da saúde e a solidariedade.

Ainda por cima é organizada por alunos, futuros médicos, estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa.

Como esta corrida também é para todos os gostos, porque as há para todos os gostos, pode caminhar (ou correr, a escolha é sua) cinco, dez, e a novidade deste ano, quinze quilómetros, para que ninguém diga que “ah e tal, não consigo e blá, blá, blá”, todos conseguem. Até eu, que só corri uma maratona e quinze meias maratonas.

Até porque, o que os futuros médicos(as) querem é que toda a gente pratique exercício físico.

E, o que não falta, felizmente, é cada vez mais pessoas a praticar exercício, em todo o planeta.

Eu sei, às vezes isto do exercício parece ser uma obsessão mas, pense comigo, há obsessões boas, como esta. Há-as bem piores. Mas essas não são para aqui chamadas. 

O exercício não fez mal a ninguém, ponto, outra vez.

Se pensa que isto é coisa de novatos, porque são alunos que organizam desengane-se, que esta é a sexta edição, isso, já lá vão cinco anos de vida da “Corrida Saúde + Solidária”.

Nesses cinco anos por lá já passaram quase dez mil pessoas, bem sei que isto ao pé de outras corridas não é nada, mas se tivermos em conta que esta corrida não tem o palco mediático de muitas outras, convenhamos, é um número considerável, tão considerável como o valor que já foi angariado, qualquer coisa como 54 mil euros, distribuídos por 21 Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

Só por isso vale a pena este texto, aqui, no blog do gato que corre e que também lá vai fazer uma perninha, quase de certeza. Só não sei quantos quilómetros, talvez dez, que é a minha distância preferida.

Ainda por cima, os futuros doutores e doutoras, da organização, são todos miúdos(as) giros(as), frescos(as) e, com esta componente que nos vai faltando cada vez mais, a solidariedade, a ajuda, o querer o bem ao próximo.

É esse, aliás, o mantra dos médicos, querer o bem dos outros.

53283321_2305609659676283_4273220124233695232_n.jpg

Não há desculpas, porque até há treinos e tudo, às quartas feiras, às seis e meia da tarde, no Estádio Universitário, em frente ao Hospital Santa Maria.

O percurso das corridas é todo ali à volta do Campo Grande, no coração de Lisboa, pelo que é uma manhã de Primavera “by the book”, com tudo o que os participantes tem direito, como se costuma dizer.

A Fertagus e a CP (os patrocínios são muitos e de marcas com imensa notoriedade) ajudam a chegar e a voltar, mas não ajudam a correr ou a caminhar, isso não, só que até fazem bilhete único a dois euros, excepcionalmente, claro, para quem vai correr ou caminhar.

A solidariedade, este ano, passa por aqui, pela “Associação Pais21” - Down Portugal que é uma associação de pessoas com Trissomia 21, que ajuda famílias, desde 2008,  promovendo a informação e a partilha de novidades relativas a este tema.

Eles pretendem mudar o modo como a sociedade vê as pessoas com Trissomia 21. 

https://pais21.pt/

Ou a AAMA, que apoia crianças, jovens e adultos com deficiência e outras necessidades especiais, no âmbito desportivo, terapêutico, recreativo, educacional e formativo.

http://associacaoama.org/

Ou a CresSer que está  viva desde 2001, porque acredita na inclusão na comunidade para os grupos em situação de maior vulnerabilidade e exclusão.

http://www.crescer.org/a-associacao/

Ou o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, que tem  mais de dez anos de existência e que se estabeleceu como um instituto de investigação biomédica de excelência, em investigação básica e clínica, com a missão de melhorar a vida humana.

https://imm.medicina.ulisboa.pt/pt/imm-lisboa/organizacao/

Como em qualquer corrida, no fim, há um diploma personalizado, que pode ser obtido no site da corrida https://www.corridasaudesolidaria.com/resultados e, claro, as fotos, para a posteridade, também na página oficial ou no Facebook da organização https://www.facebook.com/corridasaudesolidaria/ .

Só pelas fotos eu já lá ia, eu que adoro publicar fotos das minhas corridas, mesmo que corra quase parado. Há paixões mais parvas que as minhas, eu sei!

Deve estar a perguntar, “ok, Zé Gab, mas onde consigo saber mais informações, onde me inscrever, quanto pago - para a solidariedade - e essas coisas?”.

Não tem problema, eu digo, na página oficial ou aqui em baixo tem todas as informações.

Até mesmo a gigante Prozis  faz questão de estar “in” e também se pode inscrever por lá, online.

https://www.prozis.com/pt/pt/evento/vi-corrida-saude-solidaria?utm_source=&utm_medium=&utm_content=home&utm_campaign=

A Prozis não quer ficar de fora, nem eu.

Acho que nem você.

Como é que podemos recusar passar uma manhã fantástica de Primavera, a fazer exercício físico, ainda por cima a ajudar os outros, porque há quem monte e prepare tudo para que o possamos fazer, com alegria, com coração aberto, com esperança que o mundo seja melhor.

Porque eu tenho esperança. Eles também.

Este ano a "Corrida Saúde+Solidária" será no dia 28 de Abril, um domingo, pois claro que os domingos são "O" dia das corridas.

Mas, há mais, uma vez que 100% do valor angariado reverte a favor das quatro instituições que referi, pode ainda escolher doar diretamente 20% do valor da inscrição a uma dessas 4 instituições.

O restante valor será distribuído equitativamente pelas outras.

Você é que decide.

Agora, por fim, se vir os vídeos, ali em baixo, no fim do texto, acredito que, tal como eu, vai preparar o equipamentozinho, os ténis (ou as sapatilhas, que não queremos aqui divergências semânticas), fazer a inscrição e aguardar, ansiosamente, que chegue o dia 28 deste mês para ir correr ou caminhar.

Depois, no fim do ano, quando fizer o rewind, antes de entrar no ano novo, à meia noite, mesmo que não tenha feito mais nada de relevante, para ajudar os outros, vai poder dizer;

“pelo menos participei na Corrida Saúde + Solidária”, eu cá falo por mim.

Mas, acho que até lá ainda vou fazer mais umas quantas boas acções. :)

Marcamos encontro no domingo, dia 28?

Eu sabia.

Obrigado.

Lá estaremos e, acredito, com aquele sorriso que aparece do nada, na cara de quem gosta de fazer o bem, sem qualquer interesse que não seja esse!

E, já agora, isso eu sei, é fantástico correr numa manhã, como são as manhãs de Primavera, em Lisboa.

Sim, porque o São Pedro, que se saiba não corre, mas também vai colaborar.

Ai dele que não colaborasse!

A Mafaldinha e o Jaume não vão a esta, mas já foram a uma...