METADE DA VIDA
A TVI fez 25 anos.
É uma porção de tempo respeitável.
É uma porção de tempo que merece respeito.
Sobretudo, respeito por aqueles, tantos, que ao longo de 25 anos deram e receberam, muito.
Nunca o disse, mas tenho uma TVI só minha, não dá para me a tirarem.
Metade da minha vida foi passada dentro dela, com ela.
Tenho 48 anos, estou lá há 24 (23 e meio), ela tem 25.
Entrei solteiro. Casei.
Entrei sem filhos. Tenho dois.
Entrei novo. Estou velho.
Entrei com sonhos. Concretizei alguns.
Entrei ninguém e ninguém continuarei a ser quando sair.
Mas, não há volta a dar, a TVI, é como a olho, corre-me nas veias, bomba-me o coração, está tatuada na pele.
Entrei tinha ela um ano e meio, estava a começar a dar os primeiros passos.
Ela mudou, muito, muitas vezes.
São as pessoas que fazem a história e, tantas que por lá já passaram. Eu, continuo.
Por quanto tempo?
Não sei, não faço ideia.
Toda a vida defendi a minha TVI com dentes cerrados. Quando ela não tem defesa limito-me a calar-me.
Tantas vezes me zanguei com ela, tantas vezes me desiludiu, tantas vezes me revoltei.
Tantas vezes chorei, mais de alegria, tantas vezes me senti orgulhoso, tantas vezes, a caminho da TVI pensava “vou fazer aquilo que se calhar milhões adoravam fazer”.
A TVI ensinou-me a valorizar a vida.
No deve e haver, os maus momentos não conseguem, de todo, superar o tudo de bom que a TVI me deu e me fez. Muito menos mesmo os piores momentos.
A nossa relação é de marido e mulher.
Mesmo quando ela não me liga nenhuma faço questão de lhe mostrar que eu estou ali.
A TVI fez 25 anos.
Apeteceu-me escrever sobre ela, a minha TVI, não é sobre a TVI que toda a gente vê. É sobre a minha.
Foi ela que me abriu as portas para ensinar, para dar aulas, foi ela que me criou condições para casar, comprar uma casa, constituir uma família, foi ela que colocou o esforço do meu trabalho aos olhos das pessoas.
Foi ela que me deu algo que nunca pensei ter; o reconhecimento do meu trabalho, no meu país, por parte dos meus concidadãos.
No dia que eu morrer haverá pelo menos uma alma que dirá: aquele gajo foi jornalista da TVI.
A TVI mudou tantas vezes que, por vezes, dou comigo a perguntar se é a TVI.
É.
Será sempre.
Por isso acabei o jornal da meia noite de uma forma extremamente intensa, para mim;
A TVI fez 25 anos.
Espero que nos acompanhe nos próximos 25.
(Mesmo que eu já lá não esteja)
A TVI é como os meus braços, pernas, coração, alma, faz parte de mim.
Peço menos, a minha TVI.
Que eu tenho uma só para mim !