ALICE FOI AOS ANOS DO ZÉ
Dia 43
13/11/2016
Sobre paz...
Paz.
Foi o que senti este domingo.
Tranquilidade.
Amizade.
Afecto.
Amor.
Atenção.
Dedicação.
Lembrança.
Estima.
Foi o dia em que se assinalaram 47 anos, desde o momento em que abri os olhos e olhei para isto tudo, pela primeira vez.
Eu não faço anos, eu apenas assinalo datas, esta doença afecta-me há uns dez anos, não tem cura, dizem.
Começo a recusar-me, já vou, com 47 ampolas, tendo esse direito.
Faz-me espécie perceber que nada é infinito, que o túnel tem a luz cada vez mais intensa, em direcção aos teus olhos, que os planos já só conseguem ser a médio prazo, porque tu tens um prazo, eu tenho um prazo, a vida é a prazo.
É, por isso, obrigatória agarrá-la, todos os dias, pelos cornos, pelo lombo, mostrar-lhe que perante todo o seu poderio, perante toda a sua crueldade, perante toda a sua (assim mesmo) im-pre-vi-si-bi-li-da-de, ela também é bela, também pode ser feliz, aconchegante, tranquila.
É preciso mostrar-lhe, por ela esquece-se disso, quantas vezes!
Hoje, este domingo, foi tudo isto.
Mas, sou obrigado a fazer anos, enquanto por cá andar, todos somos, ainda bem que somos.
Celebramos a vida.
Haverá algo mais belo e surpreendente?