ALICE E AS MANHÃS DE SOL
Dia 33
02/11/2016
Coisas de gajas...
Hoje de manhã, quando os miúdos saíram para a escola (obrigado tia Paula e pai do Tiago pelas boleias), Alice fez o seu primeiro passeio diário pela casa, matinal, portanto.
Foi da cozinha ao nosso quarto.
A mãe (dos miúdos) está de folga, o pai entrava só as onze, a cama estava quente e acolhedora.
“Os miúdos fecharam a porta da cozinha?”.
“Não, e a Alice não perdeu tempo, já cá está, olha para ela…”.
As manhãs são difíceis, para mim, por isso foi a custo que olhei para o fundo da cama, em cima do edredon, lá estava ela, Alice, naquela típica posição de defesa/ataque, que lhe permite ir caminhando, baixa, como que a rastejar, para que ninguém a veja, mas à vista de todos, só ela não entende isso.
(Sim, ainda ontem ri a gargalhada com esta forma de abordagem).
Bastou-me mexer os dedos da mão direita.
Já a topo, depois de mexer os dedos, Alice aguarda uns segundos e, com a minha mão quieta, atira-se num vôo repentino, ficando como que a pairar no ar. Juro.
Outras vezes morde-me mesmo.
Outras dá apenas uma cabeçada.
Outras, outras vezes, Alice dá-me beijos (deve esquecer-se que me está a atacar).
Assim, Alice ficou ali, ao nível do meu peito e do peito da Carla, entre as pernas de ambos, numa cova onde até eu adormecia.
E, adormeceu.
E eu também.
“Já dormiu bastante, já viste…”
O meu sorriso era indisfarçável, Alice vem para junto de mim, todas as manhãs, há umas duas semanas mas, assim, com a Carla presente, foi a primeira vez.
Qual gata adulta, veio dormir para junto de nós.
Aceitei por era de manhã, aceitei porque aquele momento fez-me sorrir, porque a ternura invadiu aquele quarto grande.
Não que vá passar a dormir connosco, longe disso, eu entendo que os animais têm o seu próprio espaço, mas de manhã…
Muito saboroso.
Depois, depois foi a rotina, banho, pequeno-almoço, sempre com a minha nova companhia sempre a guardar a minha sombra, porque Alice acompanha-me para todo o lado – em casa -, basta mover-me.
À saída, o mesmo dos outros dias, saudades, por antecipação.
A meio da manhã recebo a foto que acompanha este texto.
Tive vontade de meter folga (meia folga, vá) e de me ir embora.
Não fui, depois quem fazia os off´s, cortava as bocas, formatava os leads?
Mas, ao chegar a casa, antes da minha corrida diária (nocturna, que eu gosto é de correr à noite), deixei-me morder, arranhar, peguei-a ao colo, fiz-lhe festas e o meu sorriso abriu-se, de novo.
Tenho descoberto em Alice um alavancador de sorrisos.
A ver se falo com a Carla, que é para amanhã deixarmos a deixar Alice ir ter connosco, antes de eu vir trabalhar.
Quanto à Carla, está de folgas o resto da semana.
Nem sabe a sorte que tem.
Nem Alice sabe.
Sei eu.
(Smile)