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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

13.10.16

ALICE E A AUSTERIDADE


The Cat Runner

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Dia 13

13/10/2016

 

Sobre política...

 

Há pessoas que ainda não deram conta, até mesmo aquelas pessoas que dizem: “ai” (adoro ouvir frases começadas por ai, até eu, por vezes) “eu cá não ligo nada à política, são todos iguais, farinha do mesmo saco, enfim...” (adoro ouvir frases – e ler – que acabam com enfim), dizia eu, há pessoas que ainda não deram conta que a vida é política.

Parei o parágrafo que já ia longo, e mandam as regras da escrita que, quanto menos melhor. Jobs foi aluno de Gutenberg, se me faço entender.

Retomo agora;

A vida é política, na exacta medida em que temos que planear estratégias, definir objectivos, gerir orçamentos, tomar decisões. Nessa medida, a vida é composta por actos políticos.

Até mesmo alta diplomacia, a vida é também alta diplomacia. Tudo se encaixa.

Eu explico.

Há onze anos eu e a minha mulher ganhávamos mais salário, tínhamos mais rendimento, que actualmente, onze anos depois.

Colombo descobriu não sei o quê, mas a Terra, garanto, aqui, não é redonda, é chata.

Portanto, sem qualquer tipo de aumento, ao longo de onze anos, com menos rendimento ou salário, por via de cortes (?) e de aumento de impostos, e do custo de vida, e da crise, vi os meus filhos tomarem qualquer coisa estranha, que os fez ter barba, ele, e mala de mulher, ela.

Onze anos depois, ele, quase a terminar o liceu, e ela no segundo terço do caminho.

Acresce as saídas à noite, os jantares com os amigos, a vida deles.

Contas feitas, que não se fala de dinheiro em público, onze anos depois a balança está desequilibrada, mas não devia.

Somos vítimas da situação.

Dizia, menos rendimento, muitos impostos, muitas despesas “novas”, mas cá se vai gerindo a coisa, que Colombo descobriu não sei o quê, mas eu tenho uma gata.

Tudo isto, juro, a propósito de Alice.

Pois...

Mais um a comer à mesa (na dela), como diriam nos idos de quarenta do século passado.

Ora, continuando nas contas, Alice veio somar.

Alegria, ternura, surpresa, união, carinho e, como alguém disse hoje, um gato torna uma família (ainda) mais feliz. Acho que foi a Catarina.

Mas, somar é quando uma gata quiser.

Também veio somar mais custos.

A veterinária ainda hoje disse que Alice tem...um quilo.

Em treze dias, 600 gramas em 13 dias. O olho direito ainda está diferente, mas vai melhorar, mais ainda.

Sim, aprendi com Alice que temos que pagar o veterinário.

Agora, Alice também entra na minha lista de compras.

Aponto tudo no bloco de notas do iPhone. Hoje tinha também “comida Alice”.

Eis quando, dou comigo, pasmado, incrédulo, mesmo, abismado, a olhar para o alto.

Para cima.

Depois, para baixo, percorrendo com o olhar toda uma enorme prateleira de hipermercado, dedicada a gatos.

A sério, nunca tinha visto nada assim na minha longa/média existência.

Não fixei, mas havia de tudo, ração, granulados ou lá o que era, snacks, snacks com sabor a Ocean, milhões de pacotes com milhões de diferentes comidas para gatos. Com preços, qualidade, quantidade, variedade, para todas as bolsas e gatas e gatos e tudo.

Não me dei por vencido.

Olhei para o meio daquela babilónia colorida, e uma palavra se destacou, em tons de rosa, júnior, meus amigos, júnior era a palavra-chave, aquilo que eu precisava.

Tirei uma foto, enviei à minha mulher, com a seguinte mensagem: “é isto?”.

Segundos depois: “já comprei!”.

Suspirei de alívio. (Peço milhões de desculpas pela publicidade, mas não consegui contornar, o que é chato, admito, mas paguei o mesmo.)

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Coloquei o pacote na prateleira (por acaso é igual ao que temos cá em casa, estou a ficar especialista na gastronomia felina), respirei fundo, peguei num pacote de snacks e enfiei-o no carrinho das compras.

Não sei o que foi aquilo;

Apeteceu-me fazer uma grande surpresa a Alice, como faço às vezes (cada vez menos, mas não devia) aos meus filhos, e trazer-lhe um pacote de snacks, para comemorar o seu primeiro quilo.

Depois consultei o talão do multibanco que, solidário comigo, vem também ele em tamanho mais pequeno, é um facto.

Mas vou fazer o quê?

Eu adoro fazer surpresas!

 

13.10.16

A JUSTIÇA E O PHOTOSHOP


The Cat Runner

 

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Desta vez o meu texto será curto.

Prometo.

Um texto indignado, logo curto.

Que coisas longas tiram a indignação.

“Uma mulher de 47 anos vai entrar para a história da Justiça em Portugal como uma das poucas pessoas que estão condenadas a cumprir pena efetiva de prisão (três anos) por crimes menores como injúria ou difamação. Entre as várias pessoas que ofendeu consta o antigo procurador-geral da República Pinto Monteiro. A PSP vai cumprir o mandado de detenção nos próximos dias.”

Não acrescento muito mais a esta notícia.

Agora, uma curta, mas longa lista de cidadãos portugueses que cumprem coisa nenhuma.

Curta porque há mais cidadãos nestas condições.

Longa, porque mais que um já é muito.

Não consta, também, que alguns destes cidadãos tenham cometidos os crimes de injúria ou difamação, antes pelo contrário.

Uma curta lista:

Ricardo Salgado.

Dias Loureiro.

Lima Duarte.

Armando Vara.

José Sócrates.

José Penedos.

Miguel Relvas.

Miguel Macedo.

João Rendeiro.

Maria de Lurdes Rodrigues.

Isaltino Morais.

A lista era curta, prometi, mas podia gastar umas largas páginas.

A imaginação de vossa excelência, que me dá o privilégio do seu tempo, a ler-me, vai fazer o resto, e acrescentar muitos mais nomes, que não estando nesta lista, estão envolvidos em casos ou eventuais casos, com diferentes enquadramentos polémicos e por explicar.

Cavaco Silva.

Pedro Passos Coelho (MR).

Rui Rangel.

José Maria Ricciardi.

Álvaro Sobrinho.

Sim, apelo de novo à sua imaginação e ou memória.

Pois bem, esta senhora, que vai passar três anos na prisão, por crimes de injúrias ou difamação, será porventura a única portuguesa português) a ser presa(o), em Portugal, por um crime sobre o qual eu, na minha condição de jornalista, já respondi umas seis vezes em tribunal.

Ganhei todas as acções. Inocente. Em todas.

Estes crimes são passíveis do direito penal, a honra deve ser defendida.

Há crimes incomparavelmente mais danosos, graves, imorais, crimes que até merecem ser injuriados e difamados, que neles está envolvido, mesmo sob pena de ir parar à prisão, durante três anos.

A senhora tem nome, tal como todos os senhores que mencionei.

Mas, não o revelo – ele é público, está nos media -, porque ela está presa, nos próximos três anos.

Revelo os nomes que revelei, porque nem sequer sabemos bem onde estão, mas uma certeza temos: presos não estão!

Excelente passo, dado pela Justiça, para moralizar e credibilizar a Justiça, essa coisa que às vezes até parece que não tem nada a ver com juízes.

Façam debates, cínicos, que ficam bem na fotografia.

Mas, cuidado, hoje em dia há por aí muito Photoshop.

E, acabou.

Eu prometi que ia ser curto!