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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

02.04.16

ADORO QUANDO ME ABRAÇAS


The Cat Runner

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Os miúdos estão lá dentro, no quarto, com uma amiga de sempre. É lá entre eles.

Eu e eles, não apenas os que estão lá dentro do quarto, mas todos eles, os miúdos que se abraçam..

A senhora da casa está fora, uma vez mais, a trabalhar, que é preciso alguém que leve este país para a frente.

Eu, cá estou, manta a tapar as pernas, televisão no silêncio, só para ter alguma luz na sala.

Toca Macy Grey no tocador de música digital, que isto de ter internet é uma coisa do novo mundo.

Este é um mundo novo, disso não tenho agora qualquer dúvida.

É um tempo de massificação da desgraça, um tempo em que é difícil fugir à selva, mas, um tempo de mudança, e por via disso um tempo de procura obrigatória de equilíbrio, um tempo de revolução.

Não há revolução ( pelo menos com sucesso ) sem evolução e eu acredito nos abraços.

Os miúdos estão lá dentro, no quarto, com uma amiga, de sempre. É lá com eles.

Eles entendem-se.

Creio que são maduros o suficiente para se auto-protegerem, que a minha protecção é cada vez mais diluída, nas vidas dos dois, porque esta história é sobre três, os que estão no quarto e outros três, mas só dois é que são meus.

Creio que foi por esse caminho que os temos conduzido ao longo da vida.

Os amigos deles, muitos comuns a ambos, são cada vez mais presença assídua na nossa casa e isso faz-nos bem. Aprendemos.

Aprendemos quando escutamos as conversas em voz alta, aprendemos quando falam sobre a vida, aprendemos a ouvi-los rir às gargalhadas.

Num destes fins de semana, penso que foram dois fins de semana, alguns amigos vieram cá a casa.

Vinham fazer um trabalho de grupo.

Curiosamente, dois fins de semana em que não estava cá a supervisão adulta e falível, sim, falível, é claro, mas responsável e afectuosa, ternurenta e dura, quando assim tem que ser.

Pensei: sim, trabalho de grupo.

Depois veremos, no final do período.

Pensei, mas não o disse.

Pensei mal.

Pensei que tinham vindo para passar umas horas juntos, eles lá se entendem, todos, nos seus próprios dialectos de vida.

Pensei mal, e disso tive consciência quando me foi dado a ver o produto final do trabalho de grupo, em casa, na minha casa, na nossa casa, que é onde o amor está.

É engraçado, como as crianças nos surpreendem, como são cruéis na sua própria verdade, mesmo que adolescentes, ou a caminharem para lá. Mais ainda.

Mais maduros, que isso é a vida, cada qual com a sua maturidade.

Sinto-me de bem com a minha consciência.

Tive a certeza, depois de ver o trabalho que fizeram.

O tema era a violência entre jovens, adolescentes, namorados.

Pertinente.

 

 

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