NETWORKING EMOCIONAL EM PASSO DE CORRIDA
Os homens dizem que a fé move montanhas. E move.
Pois eu digo que a corrida move a fé e ajuda a contornar as montanhas. As mais altas e intransponíveis.
A corrida ensina-me que depois de cada montanha alcançada outras estão pela frente, uma após outra.
É disso que é feita a vida.
E se uma montanha se agiganta perante a nossa humilde baixa estatura - no Universo é assim -, a próxima talvez se apresente um pouco mais suave, menos inclinada.
É disso que é feita a vida.
A corrida trouxe-me algumas lições, que deixam marcas que eu gosto.
É tudo uma questão de experiência.
Ainda ontem, depois de um treino de Muay Thai, conversava com pessoas que sabem sobre a ciência do treino.
Falávamos sobre corrida.
Passei um bocado por maluco, senti, por breves momentos.
Perguntava-lhes eu se alguma vez sentiram, enquanto correm, os olhos a fecharem-se, quase que "correr a dormir".
Olharam um para o outro, abanaram a cabeça em simultâneo, encolheram os ombros, com um ou dois segundos de diferença.
Não creio que me tenha explicado bem.
Queria dizer que isto, para mim, a corrida, a corrida para mim é ir e voltar a vários pontos da minha imaginação.
Não consegui passar a mensagem.
Mudámos de assunto, até porque não era aqui que queria chegar.
Onde é que eu quero chegar?
Aqui mesmo, agora sim.
Começa a ser "normal" (normal entre aspas soa a contradição) perguntarem-me se parei de correr.
Quando digo que corro todos os dias parecem acreditar, mas assim, pouquinho.
É verdade, continuo a correr todos os dias, uns mais, outros menos.
E continuo a ir às corridas.
A coisa funciona quase como uma tatuagem, depois de te marcar não sai mais da alma.
E continuo a fazer o mesmo que fazia - mais o Muay Thai - não apenas pelo prazer que o acto de correr me transmite.
Faço-o também porque as corridas, nestes quatro anos, fizeram-me conhecer pessoas, novos amigos, gente que partilha o prazer, o prazer de viver e de correr. Dois prazeres. Duas dádivas.
E é algo que continua.
A vantagem tem a ver, sobretudo, com o facto de gostar de correr e juntar a isso interesses, sejam pessoais, profissionais, interesses sem a carga pesada que a palavra encerra.
O chamado networking. A corrida é fazer networking. Não pode haver dúvidas.
Mas, não é apenas uma cadeia natural e genuína de ligações e interesses normais, profissionais, de desenvolvimento de ideias, de confluência de opiniões e posições.
A corrida também é networking emocional.
Conclui esta noite.