PERDI O MEDO DAS MEMÓRIAS
As memórias não me largam e eu vivo nelas e com elas.
Quando me assaltam sou capaz de sorrir, sou capaz de me emocionar, por vezes fico deprimido. Também na corrida há algo de masoquismo, um pouco como nesta questão das memórias.
Quando corro canso-me, tenho dores de alma e de pernas, tenho memórias, tenho prazer, como nas memórias, elas dão-me prazer, mesmo quando me roubam o sorriso.
Estou a ficar velho, cada vez – por isso mesmo – com cada vez mais memórias. Já não deixo coisas por dizer e já não recuso o confronto, seja com quem for. Perdi o medo.
Aplico este princípio em tudo, na minha vida, no meu trabalho, nas minhas relações.
Perdi o medo. Só não perdi o medo delas.
Não perdi o medo das minhas memórias.
Quando me assaltam nunca sei como o farão e isso inquieta-me. Às vezes chegam sem se fazerem anunciar, como no Domingo passado.