FIA-TE NA VIRGEM E NÃO CORRAS, ZÉ GAB
Acho que estou a brincar com o fogo.
Domingo vou à minha sétima meia maratona.
A primeira para a qual não me preparei minimamente.
Aqui o fogo com que estou a brincar traduz-se em 21 quilómetros e mais cento e poucos metros.
Falar sobre uma meia maratona é fácil até para quem não corre.
Quando começamos a falar sobre os quilómetros que se correm numa meia, então, até aqueles que não correm ficam cansados só com a conversa.
Não é fácil. Nada fácil, por muitas fotos bonitas que as redes sociais nos mostrem.
São mais de 20 quilómetros a correr. Eu fico-me pelas duas horas, às vezes duas horas e pouco.
Comecei com quase três horas, há três anos. Se sou um vencedor?
Depende, eu acho que sou. A minha competição é comigo, todos os dias e também nos dias das meias maratonas.
Desde que comecei a treinar Muay Thai – e me viciei – que me divido entre a luta e a corrida.
A corrida não ficou para trás, apenas se sente partilhada, e tem que aguentar, paciência.
A semana tem sete dias, eu treino seis.
Todos os dias corro distâncias curtas. Ao fim de semana (Sábado) faço uma longa, entre os 17 e os 21 quilómetros. Em seis dias faço quatro treinos de Muay Thai e dois de corrida.
Estou preocupado. Nunca fui a uma meia maratona assim.
“ Em dois meses corri apenas três vezes longas distâncias”, disse há dias ao meu mestre.
Um mestre ensina, mesmo quando acha que não. A resposta que tive foi esclarecedora, embora não me tenha convencido.
“ Se não estás preparado, porque vais?”.
É por aqui que passa. Se não estás preparado para algo, porque vais? As probabilidades de falhar são maiores, de longe.
- “Porque gosto de participar, se não fizer duas horas faço duas e vinte…”
- “Se é para participar apenas então vai, mas diverte-te”.