MEIA NOITE E UM DE UM DIA QUALQUER
Por hoje está escrito.
Até porque ando a ler um livro, escrito por um amigo, um livro que me tem feito perder noites, durante estas férias, e manhãs de treino, compensadas à noite, antes de ler ou de escrever e ler.
Não somos próximos, eu e o meu amigo, que escreve livros, mas não tão distantes quanto achamos.
Eu gosto de ler. Não é de agora. É desde quando gostava de conversar com ele, nas manhãs verdes e brancas, sentados na bancada central, só os dois.
Uma bancada e um estádio só para nós dois.
Conversávamos, raramente sobre coisas que se conversam todos os dias.
Recordo-me.
Dissertávamos, depois divergimos.
Até agora.
Um voltar ao contacto, como se diz, através de um livro, como digo.
Leio e parece que o escuto, como desde esse tempo diferente.
Leio Muito. Todos os dias.
Na internet, jornais, blogues, redes sociais, notificações com últimas horas, leio coisas fofas, outras interessantes, leio muita merda. Mas, também leio muito, coisas muito interessantes.
Gosto de ler.
Fora da internet, jornais, revistas, livros.
Até rótulos de frascos, a composição, a morada do fabricante, do distribuidor, gosto de ler os rótulos dos shampôs, o Ph, a cena das particulas que interagem com o couro cabeludo deixando-o mais lindo e sedoso. Leio isso tudo. Leio tudo, desde que a quase meio metro dos olhos, que ainda não tive vagar de ir comprar uns óculos.
Não dá para tudo.
Escolhidos, a dedo, e outros que me caem no colo, os rótulos, os folhetos da publicidade, os jornais, as revistas, os livros.
Como na internet.
Gosto de biografias. Gosto de romances, no que aos livros diz respeito.
Por isso, leio poucos livros por ano. Porque se-me escasseia o tempo.
Não dá para tudo.
Uns dois, três, na altura das colheitas. Nos livros, como e mais uma dúzia de coisas na vida, sou selectivo.
Não leio tudo, como quase muita gente, ao contrário dos rótulos.
Aí sim, vai tudo a eito.
Um livro tem que me agarrar pela história, pela escrita, pelo cheiro do escritor, impregnado em cada letra de tinta preta.
Tenho que sentir que ele vai escrevendo a história à medida que eu vou avançando nas páginas.
Depois, a trama, o enredo, as personagens, os locais, o drama, a intensidade, e a escrita, tem que ser ao sabor da pena.
Gosto de ler quem escreve, e deixa uma sustentação criativa, uma solidez do conhecimento do assunto sobre o qual escrvere, e da técnica da escrita.
Não, como eu.