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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

28.06.15

VOLTO JÁ


The Cat Runner

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Este domingo dificilmente será esquecido.

Isto é histórico.

Levei a família à corrida. Para correr (caminhar).

Que é como quem diz, a Carla, a Maria, o João.

O Rodrigo ficou a descansar porque amanhã começa um torneio de futebol internacional.

Havia pouca gente. Umas 300 pessoas, talvez.

Um terço fez a caminhada de 5 quilómetros, os outros dois terços fizeram a corrida de 10 quilómetros. Fui nesta.

Foi uma corrida diferente de todas, quase um "boot camp" surpreendente.

Dez e meia da manhã.

 

23.06.15

UMA LUZ AO FUNDO DA PISTA


The Cat Runner

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Foto by the Cat

 

Quase toda a vida fui um comodista. Acho que figurei na mundialmente conhecida lista dos maiores comodistas do mundo.

Ainda me lembro, como se fosse hoje, de a minha mão me levar à cama, todos os sábados, o jornal desportivo e o pequeno-almoço.

Acho que se pudesse ela continuava a cumprir esse ritual mas também acho que não lhe dá jeito fazer todos os sábados sete quilómetros para cada lado, agora que estamos na era da tecnologia.

Já pouco leio jornais em papel e já não durmo sózinho.

Hoje em dia já só sou uma sombra do comodista que fui.

Provavelmente, nos tempos que correm, se precisar de alguma coisa do frigorífico e sem alguém estiver na cozinha não me vou levantar; peço.

São resquícios.

 

22.06.15

EM CADA FIM HÁ SEMPRE UM COMEÇO


The Cat Runner

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Hoje é o meu dia D.

Falta pouco.

Escrevo com a barriga cheia de borboletas.

Parece a primeira vez.

Sinto-me inseguro, nervoso, ansioso, incerto.

Apesar da força, do apoio, do carinho que me têm transmitido ao longo deste dia.

Ao longo dos dias.

Hoje, quando acordei, acordei cedo, ao contrário do que é habitual, ponderei correr pelo fresco da manhã.

Senti que estava a precisar muito.

Mal comecei a ponderar imediatamente recuei.

As borboletas não iam deixar e ia acabar a corrida com ainda mais borboletas do que as que por aqui voam neste momento, dentro de uma barriga que não é a delas.

Preferi ficar deitado, janela aberta, a observar as vizinhas a caminhar.

O bairro parece finalmente rendido.

Já se vêem pessoas a caminhar e algumas, entre elas eu, a correr.

Fiquei ali, durante horas, a pensar em nada e em tudo. Tudo misturado.

Já estou sentado em frente ao computador, a escrever.

Tinha que escrever hoje, em especial.

E vou escrever à noite.

O antes e o depois, a frase que sempre uso: em cada fim há um começo.

Daqui a pouco vou entrar no estúdio, sentar-me na cadeira do pivot e recomeçar, relançar, reconstruir, provar e isso provoca borboletas a voar dentro da barriga.

O peso de recomeçar, de relançar, de reconstruir, de provar, a vida é uma prova constante e pesa nos ombros, nas pernas, na cabeça e no coração.

Desta lição retenho algumas coisas que me tornaram mais homem, mais forte, mais determinado, mais corajoso.

Aprendi que há amigos fantásticos que desaparecem mal desapareces da tv.

Planos que falham. Amigos que na verdade mais não faziam que tentar aproveitar-se de algo que saberiam que nunca iriam ter.

Há valores dos quais não abdico.

E aprendi que há amigos fantásticos que nunca desaparecem, por muito que desapareças.

Esses ficam sempre.

Alguns até hoje e a esses não tenho como agradecer. Não tenho, de todo, porque a gratidão será eterna.

As sugestões vão voltar à velocidade da luz, eu sei.

Desta vez vão bater contra uma parede.

Tudo mudou!

Nada será igual, também sei.

O meu dia de hoje, a segunda feira que faz a semana começar, ficará assinalada na minha agenda da memória: 22 de Junho de 2015, o dia em que tudo mudou.

Tudo será muito diferente de hoje em diante.

Levei cinco meses a preparar-me.

Quando sair dos estúdio às oito da noite irei correr.

Preciso de correr muito, estou certo que depois das oito muito mais ainda e muito ficará por correr.

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Tenho todo o resto da semana.

Amanhã começo a treinar muay thai com o mestre Zé Fortes, o melhor dos melhores.

Ainda este fim de semana foi campeão europeu em Londres.

Conheço o Zé Fortes desde que me conheço.

Chamavamos-lhe Grace Jones, por causa do perfil dele.

A minha filha pratica muay thai com ele e foi ela, sem querer, que me trouxe até aqui.

Não irei, por isso, parar de correr. Jamais. Continuarei a correr todos os dias.

Domingo tenho uma prova na Lezíria mas este é o caminho que escolhi e decidi percorrer.

Chamemos-lhe o dia zero em vez do dia D.

Hoje tudo começará, tudo vai recomeçar, com o grau de desafio elevado, com a responsabilidade que um recomeço encerra.

Depois vou correr.

Hoje, em especial, tenho que ir correr. Muito.

Se vou correr bem, se a corrida vai correr bem, lá para o meio da noite saberei.

Hoje há um começo.

É sempre assim, depois de cada fim.

 

17.06.15

A MAIOR SUPRESA DA CONDIÇÃO HUMANA


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Conheço a Mafaldinha há mais de dez anos.

Conheço-a bem, somos amigos, temos uma enorme estima um pelo outro. Não é difícil ser amigo dela. 

Tudo começou quando recebi uma mensagem dela, corria - lá está, corria, correr -  o ano de 2004.

Eu tinha acabado de começar - escrito assim mesmo - um negócio que quase me arruinou a vida, literalmente.

Armei-me em cozinheiro e abri um restaurante. Montei-o de raíz e tudo ali tinha uma história e uma explicação.

As paredes castanhas que eram a minha Lezíria, as paredes azul-claro que eram o meu rio Tejo, uma parede que suportava um texto gigante escrito por mim, no qual explicava quem foi Sancho Pança. Era assim que se chamava o meu restaurante que era o mais bonito da vila e o mais perigoso, porque quase me arruinou a vida.

Só que eu gosto de renascer, das cinzas, sobretudo, em tudo; nos negócios, nas relações, no trabalho, no exercíco, nas amizades. Sempre que me deitam ao chão ou sempre que caio por culpa própria costumo levantar-me.

Sempre foi (fui) assim.

Depois de conhecer a Mafaldinha passei a ser ainda mais assim.

 

14.06.15

Rodas & Cia. iLtda. por Mafalda Ribeiro


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Foto by Cláudia Sampaio

 

s més fàcil quan els nostres no són només nostres. Quan el nostre somni és fer realitat el d'una altra persona, és sublim."

by Jaume Pradas

 

 

Um catalão. Uma portuguesa. Um sonho que era meu e passou a ser dele também. Duas pessoas no mesmo propósito. Dois dorsais que a correr foram um. Duas pernas. Cinco rodas. A mesma vontade. Um único abraço na mesma equação que dita: venha o que vier à nossa vida, o resultado é que jamais estaremos sós.

Ele correu e empurrou. Eu acho que o puxei com o meu sorriso. E o que aconteceu foi surpreendente…

 

14.06.15

COMUNICADO DO GATO - RODAS E COMPANHIA ILIMITADA


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Este mês o Gato convidou uma pessoa muito especial para escrever no blog. Especial porque o Gato gosta muito dela - muito mais gente gosta muito dela. Especial porque ao aceitar o convite ela fez o Gato feliz. Especial porque ela escreveu sobre corrida. É o Gato ama correr. Especial porque ela não corre. Especial porque o texto é sobre a sua primeira e única corrida. Especial porque para mim a Mafalda Ribeiro - Mafaldinha - é alguém muito especial há muito tempo. Especial porque o texto está imperdível. Especial porque as fotos estão brutais. Mais logo, aqui onde o Gato escreve a correr. Não perca! Eu adorei. O Gato

11.06.15

GOSTO DE VOLTAR SEMPRE AO LOCAL DO CRIME


The Cat Runner

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Foto by the Cat - 11/06/2015

 

Hoje voltei ao local do crime.

Aquilo foi um crime passional, por isso não resisti a voltar e voltei sem remorsos nas pernas.

As paixões acham que me levam a melhor mas apanho-as sempre na curva.

Correr é também uma das minhas paixões.

Levei na minha corrida de hoje a expectativa do reencontro com qualquer coisa inesperada. Sabia-o bem, sem saber ao que ia. Já ali tinha estado.

Sem saber o que ia encontrar.

A meio da minha corrida de hoje decidi, involuntária e inconscientemente - quero acreditar que sim -, ir até ao passeio onde encontrei a Bíblia aberta caída no chão, a meio da minha última corrida. E, como as minhas corridas normalmente terminam aqui nestas linhas, tudo se conjugou, no devido tempo.

O tempo mudou.

A tarde começou estranhamente fresca, depois do calor africano que nos fez transpirar nos últimos dias.

Senti alguns pingos gelados, na cara, aqui e ali, nos braços, ao longo dos dez quilómetros, quase diários.

Umas vezes vou mais, outras vou menos, mas vou praticamente todos os dias.

Quando comecei a corrida de hoje alguma coisa estava a acontecer-me, sem que encontrasse uma pista que fosse, que não a pista onde estava a correr, algo que me ia obrigar a questionar um sem número de acasos, até agora.

 

09.06.15

A BÍBLIA CAÍDA NO CHÃO


The Cat Runner

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Foto by the Cat

 

Ontem durante a minha corrida encontrei uma Bíblia no chão. Estava aberta. Parecia que estava aberta de propósito.

É a Bíblia que está na foto. Caída no chão. Em cima da calçada. Aberta.

Parei para registar o surpreendente momento. Penso que nunca mais irei encontrar uma Bíblia aberta caída no chão.

09.06.15

COMUNICADO DO GATO


The Cat Runner

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(Foto by The Cat - 08/06/2015 Alhandra) 

 

Passou uma semana. Não foi muito tempo. Motivos de força maior. Desde o dia em que o meu pai se reformou que não escrevo no blog. Ele continua sem saber quanto vai receber de reforma, uma semana depois de se reformar.