ERA UMA VEZ NA AMÉRICA ( O CHEIRO DOS JACARANDÁS DA MORTE)
Estou a ficar velho.
Aqui, na América, dei comigo a acordar, sem desertador, às seis e meia da manhã.
Nunca na vida corri a essa hora. Eu, é como o outro, de manhã é mais na caminha.
Confesso que estou com um jet lag à antiga.
Ainda ha pouco, quando vinhamos do jantar, perguntei à Ana Colaço que dia era hoje. Ela riu. Já lhe fiz esta pergunta umas três ou quatro vezes desde que chegámos a Newport.
Pior, na mesma viagem de regresso para o hotel foi a Ana que me perguntou que dia era amanhã ( amanhã que já é hoje). Ela queria perceber há quantos dias chegámos.
Tentei responder-lhe, mas não consegui fazer as contas.
Foi o Zé Pedro Amaral quem disse que chegámos, imagine, ontem (que já é anteontem).
Estamos cá há dois dias e ao segundo dia achámos que estávamos cá há três ou quatro.
Não que isto seja uma seca, que seja mau, não, de todo.
Está a ser muito bom.