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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

14.04.15

UMA CORRIDA SEM FIM


The Cat Runner

BLOGPHOTOKAFRI.png

(Foto courtesy of Yariv Kafri)

 

 Há corridas que vão muito para lá da linha de chegada. Elas não acabam com a passagem pela meta.

A corrida de Yariv Kafri dura há um ano e meio, sem parar. Foi por essa altura que uma queda fez soar o alarme. Kafri, 49 anos, caiu enquanto fazia surf. Bateu com a cabeça. Ficou com alterações na visão.

Um TAC trouxe-lhe a notícia. Um tumor com o tamanho de uma bola de golfe arrumado atrás da orelha esquerda, dentro da sua cabeça. Uma metástase do cancro do pulmão, que desconhecia ter.

Yariv Kafri fez desporto durante toda a vida, mesmo quando serviu no exército israelita, enquanto oficial da Inteligência.

Dois filhos, mulher e a notícia para a qual ninguém está preparado, apesar das guerras por onde passou e das situações extremas pelas quais passou. Nenhuma tão interiormente extrema quanto esta. 

Três dias depois de ter sido confrontado com o cancro, Kafri removeu o tumor no cérebro e fez quatro meses de quimioterapia. Quatro meses que destruíram – ou quase – 30 anos de aptidão, sobretudo física. O israelita, que vive nos Estados Unidos, em Long Island, foi Iron Man, atleta de Triatlo, jogou vólei como profissional e na véspera de saber que tinha o cabrão do cancro jogou uma partida de futebol, inteira, uma hora e meia. Era uma rotina, em Nova Iorque, às quartas-feiras.

Uma vida sem actividade física não encaixava na lógica de Kafri. Não era, simplesmente, vida, com ou sem cancro.

Dez dias depois da operação ao cérebro ele saiu para uma volta de 50 quilómetros de bicicleta com alguns amigos. Ele é bem mais rápido do que essas pedaladas que deu, quando se trata de gritar bem alto que o cancro não tem sido o obstáculo que quer ser, no seu treino, na sua relação com a corrida, com a vida. Obviamente que ele prefere uma lesão daquelas muito chatas que três meses de cama.

Ora, Yariv Kafri decidiu provar tudo isto que acabo de escrever e, este Verão, ele vai correr a Trans Rockies Run, uma prova que dura três dias e que se estende por quase 100 quilómetros.

Na entrevista que concedeu à Trail Runner Mag, Kafri dá uma interessante resposta quando lhe perguntam se ele vai precisar de um médico durante a prova.

Ele responde que sim, eventualmente.

“Não mais do que qualquer outro participante”.

A preocupação principal está virada para a altitude, para a desidratação e para as lesões musculares, a preocupação de Kafri não é com o cancro.

Mas, o cancro provoca dor. Física, espiritual, mental. É preciso ir buscar motivação. Os médicos ficaram espantados com a recuperação, logo a seguir à poderosa e destrutiva quimioterapia, que durou quase meio ano.

Ele diz que sente que o seu papel neste mundo ainda não chegou ao fim e é isso que pretende partilhar, precisamente, com o mundo. Foi o desporto, a corrida que o trouxe de volta à vida.

Diz Yariv Kafri: “ainda não estou preparado para partir”.

(to be continued)

 

 

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