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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

09.10.16

ALICE E O ESPIRRO DO LEÃO


The Cat Runner

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Dia 8

08/10/2016

 

É interessante a relação que se constrói com os animais.

Normalmente, o homem constrói relações interessantes com os animais que com ele habitam, o seu próprio mundo. O que o rodeia. É assim desde o início dos tempos.

Imagine, no seu mundo mais íntimo, no círculo mais fechado!

Ao longo destes oito dias temos construído, obrigatória e naturalmente essa relação com Alice, mais nós que os miúdos, fora quase todos os dias, por causa das festas e da Feira de Outubro (mal pararam por casa).

Os gatos escolhem um só humano como seu favorito, dizem.

Também eles, os miúdos, agora, entram definitivamente no mundo de Alice. Abre-se o leque de escolha.

Mas, diz a lenda, acredito que seja uma lenda, isso de os gatos escolherem um só favorito, que o gato terá surgido de um espirro de um leão.

Podia ter surgido de um espirro de um jaguar, de um tigre, de uma pantera, é isso que, por vezes, vejo na pequena Alice, sinais dos primos, da sua própria família biológica.

É o que me salta, diariamente, do seu comportamento, cada vez mais desbragado. Já se empoleira na porta da máquina de lavar louça, enquanto colocamos ou retiramos louça de lá.

Também já tem no tapete amarelo um desafio permanente, bate-se com ele, enrola-se, mas deixa-o sempre na posição inicial, que isto é a dividir por todos.

A Carla já a apanhou dentro do armário onde guardamos as panelas e as frigideiras.

A lenda conta também, mas não só a lenda, que os gatos, no tempo dos Faraós deambulavam, como que em câmara lenta, pela corte, sem cerimónia (deviam ser os únicos), sempre junto dos humanos, tal como Alice faz na cozinha, exactamente assim, imagino.

Na cozinha, Alice torna-se independente (sempre o foi desde que nasceu, na rua), torna-se mais social, quando lá estamos e, sinceramente, é uma companhia do caraças.

Tem vezes que não há como dizer que não, como há oito dias, quando a Maria me ligou a pedir para ficar com uma gatinha que tinha encontrado à porta do liceu.

Ao fim de oito dias cá em casa decidimos abrir-lhe a porta da cozinha.

Foi descobrir um admirável mundo novo.

Foi em direcção aos quartos, foi cheirando, ora em posição baixa, ora mostrando toda a sua elegância e agilidade, ao tocar numa qualquer mochila que cai nesse momento, evitando o contacto, reconhecendo, ou conhecendo o terreno, cautelosa, felina e;

Alice despareceu, de repente.

Alice decidiu colocar-se dentro de um dos gavetões da cama do Rodrigo.

A cama é grande.

O gavetão tem um lado que é o “oficial”. O outro lado tem uma ligeira abertura, não é totalmente fechado.

Exactamente do tamanho ideal para Alice entrar e por lá ficar.

Só a descobrimos quando decidiu, Alice, meter a cabeça de fora, só para ver se estava tudo bem.

Prova-se assim que qualquer sítio cá em casa é um potencial local para Alice conhecer e ficar. Até lhe apetecer.

Umas horas depois, ao abrirmos a porta da cozinha, de novo, ali estava ela, preparada para nova descoberta.

A porta fechou-se.

Quando chegar o “Querido Mudei a Casa”, a gente abre-a outra vez.

É que Alice é mais rápida que a própria sombra.

Mas, estamos a construir uma relação, como deve ser, sempre, na vida.

Agora, só estou preocupado com o espirro de Alice, é que as marcas que touxe da rua ainda não estão todas saradas e ainda faz algum barulho ao respirar.

Até porque Alice não é nenhum leão.

 

 

 

 

 

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