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The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

The Cat Run

Uma cena sobre corrida em geral e running em particular e também sobre a vida que passa a correr. Aqui corre-se. Aqui só não se escreve a correr. Este não era um blog sobre gatos. A culpa é da Alice.

27.09.14

A MNHA PRIMEIRA MEIA MARATONA OU UM DIA DE CÃO


The Cat Runner


Diz-me a intuição que os momentos de tranquilidade não devem ser interrompidos de forma brusca.


O que não entendo é porque é que não sigo a minha intuição quando a devo seguir.


Ela também me diz que a nove dias do grande dia é agora que os frutos começam a ser colhidos.


Mentalmente existe um plano para um objectivo e, os quilómetros já corridos, garantem que tudo se conjuga. Há uma base construída.


Ter deixado de fumar - já passaram vinte e sete horas - foi uma óptima ideia. Irei fazer a meia-maratona com dez dias de "não fumador".


Acredito que irei notar a diferença. Não é a primeira vez que deixo de fumar, é só a primeira vez que deixo de fumar a uma semana de uma prova, quando tudo estava a rolar na perfeição.


Como não foi a primeira vez devia ter tido a capacidade de perceber que não ia ser fácil. Mas, hoje foi muito difícil.


Fiz o treino no ginásio, como planeado no programa de quatro semanas de preparação.


Não correu mal. Dupliquei os exercícios.


Pior foi durante a manhã.


Uma anormal aceleração mental. No mínimo.


Pensei que com o treino acalmasse e acalmei.


Comi, ao longo do dia, uma caixa de pastilhas inteira. Bebi água quase tanta quanto a que caiu há dias em Lisboa.


O fim de dia - início de noite - parecia estar a correr bem, para quem ainda há poucas horas ia à "sala de fumo" de meia em meia hora.


Nada mais errado!


Senti - inconscientemente - uma leve descompensação.


Voltei a falar muito. Agitado. Levantei-me uma meia-dúzia de vezes para ir...fumar (sentei-me na hora).


Nada do que descrevo foi abrupto. A quebra do tal estado de tranquilidade, de serenidade, isso foi abrupto. O processo não.


Ele foi sendo gradual. Retirou-me concentração.


Em dois momentos errei. Erro muito, mas é das piores coisas que me posso fazer. Errei num improviso - falhou-me a memória fruto da falta de capacidade em me concentrar - e num outro momento, inconscientemente, fugi da linha que devo manter.


O resto do tempo foi gerido com as técnicas e experiência. Não foi brilhante. Fez-se.


Foi tudo muito rápido. Não sei se alguém reparou. Eu reparei.


À vinda para casa, no momento kit-kat do dia, pensei sobre o que me estava a acontecer.


Chegado a casa continuei a pensar.


Há um antes, um agora e um depois.


Antes sentia-me óptimo, cada vez melhor.


Agora - hoje - entrei num quadro de alterações comportamentais, que, com o entrar da noite, foram saindo, gradualmente, tal como começaram.


Diziam-me que isto não é nada. Amanhã é pior. Um calvário.


Em boa hora estou de folga este fim de semana. Hoje foi um dia duro.


Amanhã não será, tenho a certeza. É que não é a primeira vez que deixo de fumar.


O depois; o depois é agora, este momento, daqui a pouco, quando acordar, o sábado. O domingo. A semana. A meia-maratona.


Passado o antes e o agora é o depois que me preocupa. Começo a ter dores num calcanhar. Já tive uma vez. No outro. Vai assim mesmo.


Diz o povo: um dia não são dias!


O povo tem sempre razão.


Hoje foi um dia mau, extraordinário e justificado. Acontece a todos.


Digamos que o céu estava limpo e de repente chegou uma tempestade que nem o IMA conseguiu antecipar.


Mas, o povo também diz que a seguir a uma tempestade vem sempre a bonança. É a lei natural das coisas e do tempo.


Foi só um dia mau.


Certo que foi o dia em que tudo mudou.


Digamos que foi um intervalo no jogo.


Agora vem a segunda parte.


A melhor parte.


Foi só um dia mau em troca de dias melhores.


É a lei natural das coisas e do tempo.


Tic-tac-tic-tac-tic-tac!